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A Feminilidade de Taylor Swift

Começar a gostar de Taylor Swift foi descobrir todos os preconceitos internos que eu tinha por atributos considerados “femininos”. Taylor sempre foi uma mulher normal, como as outras e que não fugia de sua feminilidade ou de suas emoções para tentar ser uma “garota diferente”.


É muito comum principalmente durante a adolescência algumas garotas aderirem a um estilo que elas não se identificam simplesmente para se sentirem diferentes das outras garotas e se destacarem. Por isso, recriminavam a maioria dos comportamentos relacionados ao “feminino”.


O forte da Taylor sempre foi isso, ser alguém que nós pudéssemos nos identificar. Sempre foi muito verdadeira em suas músicas e honesta sobre seus sentimentos. Nunca censurou até os mais clichês e os sofrimentos por garotos (ou garotas) que, muitas vezes, nós mesmas passávamos e que não gostávamos de assumir.


E por que não gostávamos? Porque feminilidade sempre foi atrelada a algo “ruim”; ser emotiva, ser sensível, gostar de moda ou maquiagem, fofocar. Todos esses clichês sempre foram vistos como negativos, fúteis, dramáticos, fracos. E vamos combinar, algum desses clichês a gente é ou gosta.


As características atribuídas ao masculino são; força, resistência, persistência, esportes, carros luxuosos, velocidade. Sempre vistas com bons olhos, como qualidades. Coisas que nós nunca fomos incentivadas a ser ou fazer, ou fomos pouquíssimas vezes.

Passei minha adolescência inteira odiando Taylor Swift. Grande parte desse ódio veio pela briga da cantora com Katy Perry, mas esse assunto fica para depois. Inclusive, ambas já fizeram as pazes e são amigas hoje em dia. Era uma KatyCat fiel e de carteirinha e não poderia trair minha ídola.


Só que mesmo antes dessa briga nunca gostei da Taylor justamente porque todas as outras meninas gostavam dela, porque ela falava sobre vestidos e garotos, sobre suas emoções mais íntimas. É óbvio que eu me identificava, porém não queria assumir.


Portanto foi crescendo uma raiva dentro de mim que eu vejo várias outras garotas tendo pela Taylor. Não gostar dela não por alguma atitude que teve ou por suas músicas, mas porque “sei lá, tem alguma coisa sobre ela… não vou com a cara dela”.


Não se ouve isso sobre nenhum artista homem. Pelo menos eu nunca ouvi. Cansada de todo esse hate direcionado a ela sem nenhum motivo aparente, Taylor escreveu a música “The Man” para seu 7º álbum de estúdio, “Lover”.


Na canção, ela fala sobre como suas estratégias seriam vistas como complexidade e inteligência e não como frieza se ela fosse um homem. Sobre como ela poderia ostentar suas conquistas e ganhos sem ser chamada de “vadia”.


Mas, principalmente, fala sobre como teria chegado mais rápido ao patamar no qual chegou se fosse um homem. Não teria tido que se esgotado tanto, corrido tanto, ouvido tanto, sofrido tanto.


Não podemos ignorar o fato de a música ter sido escrita por uma mulher branca, cisgênero, estadunidense, rica e que se encaixa perfeitamente no padrão estético de beleza. Isso não torna Taylor uma pessoa ruim. Entretanto, o ponto de vista da canção pode ser um tanto excludente.


Apenas uma minoria quantitativa de mulheres pode se identificar com a letra de forma integral, já que ela não aborda questões raciais, sociais e econômicas. Essas questões são cruciais para pensarmos num feminismo inclusivo.


Só que Taylor não as entende por que não vive na pele essas problemáticas. Ela escreve apenas sobre o que pode se identificar e sobre o que conhece. A música, apesar de tudo, possui uma reflexão interessante. Por isso, fica a sugestão para quem curte o som dela.


Atualmente, sou uma fã assumida de toda discografia e personalidade de Taylor Swift. Consegui substituir todo esse ódio sem motivação por amor, compreensão e admiração. E foi uma das melhores decisões que tomei.


Até a próxima!


Matéria de Giovana Carvalho para a coluna Empoderamento Feminino

Encontre-a no Instagram @giovanacarvlho

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