Claudia Raia anunciou ontem que está grávida, aos cinquenta e cinco anos de idade. Cláudia Raia anunciou que está grávida. Grávida aos cinquenta e cinco anos de idade. Li e reformulei a frase de várias maneiras para entender o porquê de tantas críticas. Não teve jeito, infelizmente o problema é apenas um: a mulher e o que ela pode/deve fazer. Alguém sabe dizer a idade do pai? Creio que não. Isto não importa. O que importa é: a mulher ser jovem e disponível para conceber uma criança saudável e cuidar dela depois.
O fator psicológico da mãe, que Cláudia tem muito melhor do que o de qualquer menina de vinte e cinco anos, não importa. Não importa se estamos nos sentindo sozinhas e perdidas quando temos um filho na barriga. Não importa se a criança terá uma mãe ainda imatura e, por isto, incapaz de se doar afetivamente como qualquer recém-nascido exige.
Julgamos, como sociedade, apenas as estatísticas de outras mulheres, que não são a Cláudia Raia, para falar sobre riscos e outros problemas na maternidade tardia. Julgamos com os olhos do machismo que vê a mulher apenas como uma forma “a mulher” e desconsideramos a história de cada um, a saúde física de cada um, a felicidade e a possibilidade de ser mãe aos cinquenta e cinco anos e isto ser extraordinariamente bom.
Fiquei muito feliz sabendo que Cláudia está grávida e desejo que este bebê venha muito saudável e seja muito feliz. É isto que eu digo e isto que eu gostaria de ouvir, se fosse eu no lugar dela. Precisamos parar atacar as pessoas que fogem dos padrões de todos os tipos. O policiamento patriarcal não cansa de se disfarçar de preocupação com saúde para condenar peso, idade, orientação sexual. Apenas parem de dizer o que as outras pessoas podem fazer. Apenas parem.
Julia Heartsong para a Coluna Empoderamento Feminino
Encontre-a no Instagram: @juliaheartsong