top of page

A missão de educar filhos homens



Mulheres sofrem desde o momento em que nascem, em uma sociedade onde os meninos são educados para serem abusadores. E é aqui neste ponto que você vai me contestar, mas eu vou te mostrar que o que digo não é uma afirmação de ódio contra os homens e sim uma triste realidade.


E por que hoje eu trago este tema para essa coluna? Por dois motivos: O primeiro, esta semana vi uma postagem no Instagram que ganhou a minha atenção porque dizia tudo o que defendo desde que me tornei mãe de homens. O segundo motivo é porque somos mães, e como mães temos uma missão digna das maiores tramas desenvolvidas por Hollywood.


Vamos lá?


Como mãe possuíamos a sofrida missão de educar.


Se mães de meninas, temos dois lados, ou “educá-las”, ou se melhor explicar, tolhê-las, para que o mal não as alcance, afinal de contas, sempre que uma mulher sai, quem fica em casa sente medo, não é mesmo? Ou ensiná-las a se defenderem de uma sociedade onde o homem acredita ser o soberano. E o que seria essa defesa? Como mãe precisamos fortalecê-las. Existem coisas que não cabem mais neste século, então sim, educação sexual é necessária. Ensinar sua filha sobre seu corpo, onde e se ele deve ser tocado, por quem, em qual momento? Ensiná-las o “não”, o “me ajude”, ou, em casos mais extremos, um belo soco que possa lhe dar a vantagem para a fuga.


Mulher não está mais na posição submissa, salvo se esta for a sua vontade e este não é o assunto que abordaremos. Como mães precisamos ensinar as meninas que elas podem tudo que os meninos podem, não existe mais essa diferença e não é uma questão de igualdade, como muitos defendem, mas de equidade e se você ainda não aprendeu a diferença, corra! A sua filha precisará disso para talhar a própria personalidade.


Educação sexual não é ensinar seu filho a fazer sexo, isso a própria natureza se encarrega, quem assistiu “A Lagoa azul” não esquecerá disso. Educação sexual é assegurar às nossas crianças que elas têm com quem falar, para quem denunciar e saber como e porque devem fazer isso. E eu falo crianças no geral, pois aqui, infelizmente temos meninos e meninas que sofrem abusos todos os dias e no geral, de uma maneira quase que unânime, por homens.


Por favor, não pensem que esse é um ataque de ódio aos homens.


Sou mãe de três, sou casada com um, tenho dois irmãos, então não, eu não odeio os homens. Acredito que tudo vem da educação e se assim não for, lava suas mãos, mãe, o problema está além do que você pode fazer, e sim, eu sei que dói, mas cada qual carrega o seu peso e segue, não é assim?


Então falei sobre as mães de meninas, e repito, empodere sua filha o máximo possível, só assim conseguiremos iniciar o fim desse abuso descabido em nossa sociedade. Mas agora quero falar do que tenho. Sou mãe de meninos como vocês sabem. Mas cresci em uma casa onde as mulheres eram maioria, mais velhas e com pais que defendiam esse empoderamento. Foi observando a maneira como meus pais nos educaram, as conversas, as explicações, que aprendi como eu deveria fazer com meus filhos.


Por isso se você também é mãe de menino, precisamos ter essa conversa. Lembra do que diziam: “segurem suas cabritas porque meu bode está solto.” ?


Pelo amor de Deus, enterrem esse dizer absurdo e ultrapassado. Se o abuso parte em sua grande maioria dos homens, nós somos as pessoas que precisamos mudar isso.


Eduquem seus filhos para que eles entendam o que é o respeito pelas mulheres. E não digo aqui nada como: em mulher não se bate nem com uma flor, ou qualquer baboseira deste tipo.


Eu digo aos meus meninos, violência é para quem não tem inteligência para sustentar uma conversa, então não batam nem em homens nem em mulheres; e, por favor: não sejam os caras que vão para rua brigar ou que guardam a briga para dentro de casa.


No geral os meninos assistem a maneira como os pais tratam as mães. Na maioria dos casos eles repetem, na parcela menor, eles se tornam pessoas melhores do que viram. A briga que travamos na educação dos meninos vai além de toda e qualquer questão feminina, e digo isso sem tirar a importância deste ponto, mas eu vejo a questão masculina de maneira tão complexa que acredito que precisamos aparar todas as pontas.


Dois dos meus filhos namoram. Assim que eu vi que aconteceu, chamei para conversas, expliquei com funciona o namoro para as meninas, demonstrei as diferenças, falei abertamente sobre sexo, não ensinei o respeito, eu exigi, porque sim, sou mãe e sou mulher e usei isso como argumento, eu perguntei se eles gostariam que o pai deles, ou qualquer outro homem fizesse desta forma comigo. Bom, aqui deu resultado, são ótimos namorados.


Mas também eu fiz questão de conversar que a namorada não é propriedade, que eles precisam entender e estabelecer em conjunto os limites daquela relação e que se um dia acabasse, que precisam respeitar o sentimento delas assim com os deles mesmos, afinal de conta, homens também sofre, só que não precisam machucar ninguém por isso.


Violência é para quem não tem inteligência para sustentar uma conversa.

Da mesma forma, ensinei meus filhos a se conhecerem, saberem exatamente o que desejam para a vida, que busquem esses objetivos e que da mesma forma, não acreditem, nem por um segundo, que eles podem impedir as namoradas a pensarem assim.


Eles são novos ainda, mas acho que faço um bom trabalho. Porém, lembra que lá no início eu falei que “se mesmo depois de todo o nosso esforço eles optarem por fazerem diferente?” Bom, aí não será mais uma questão de educação, por isso repito, dói, mas lave as mãos.


Para cada escolha inconsequente existe um retorno que precisa ser aplicado. Nós, como mães, fazemos a nossa parte. Não existe mais o: “segure suas cabritas que meu bode está solto”, e sim, “libertem suas cabritas que meu bode sabe como respeitá-las."


Seja essa mãe.


Nunca é tarde para começar. Talvez esse seja o primeiro passo, contudo, será o mais importante.


bottom of page