“Há um ditado chinês que diz que, se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um carregando um pão, ao se encontrarem, eles trocam os pães e cada um vai embora com um. Porém, se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um carregando uma ideia, ao se encontrarem, trocam as ideias e cada um vai embora com duas.”
Eu ouvi este ditado esta semana, contado pelo professor Mário Sérgio Cortella, que tanto admiro, ao vivo, no palco da Convenção de Vendas da empresa em que trabalho, que reunia nossos revendedores. E o professor Cortella ainda complementou, destacando que naquele fórum todos ganhavam o pão juntos e que, portanto, a troca de ideias era a forma de sairmos com mais do que entramos, para garantir que não nos faltasse o pão.
Repartir ideias, para todos terem pão... Achei isso profundo, ainda mais se tratando de uma convenção que reunia tantos empresários, donos de seus próprios negócios, mas que estando vinculados a uma grande rede, se fortaleciam mutuamente.
Este pensamento me acompanhou esta semana e trago aqui para refletirmos sobre como podemos relacionar com a nossa atuação profissional, dentro da nossa empresa.
Quem ainda acredita que não compartilhar competências é a melhor forma de se manter essencial para a empresa, se perdeu no milênio passado. Ou, já entrou no mercado com a mentalidade defasada. Porque as competências precisam ser repartidas, para impulsionar o desenvolvimento coletivo. Não é um talento individual, mas sim uma equipe talentosa que é capaz de impulsionar o resultado. É isso que fermenta o pão. E se o pão cresce, garante que todos vão continuar a levar o seu para casa e ainda um pedaço maior.
Compartilhar é a chave. Compartilhar ideias amplia o conhecimento coletivo. Compartilhar inseguranças oferece a oportunidade de esclarecimentos. Compartilhar dúvidas impulsiona entendimentos. Compartilhar erros promove aprendizados.
E como o próprio termo já carrega em si, compartilhar significa dar algo de nós aos demais, portanto, é essencialmente voluntário, depende de cada um. A gente só conhece as ideias e pensamentos de alguém quando são compartilhados. Da mesma forma, somente conhecemos suas dúvidas e inseguranças, se forem externalizadas. Ninguém é capaz de adivinhar.
E aqui entra um ponto importante: não é possível promover as mudanças que desejamos sem compartilharmos o que pensamos. Então, cada um de nós tem a responsabilidade de tomar para si o papel de impulsionador de mudanças, compartilhando, questionando e provocando reflexões. Já diz o ditado antigo que “quem cala, consente”. Se não usarmos nossas vozes em prol do impulsionamento coletivo, continuaremos da forma que sempre foi, porque permitimos transparecer que satisfaz a todos.
Já passamos do tempo em que a gestão era baseada na visão de comando e controle, em que o que era esperado das pessoas era que simplesmente cumprissem as orientações. Cada vez mais as empresas buscam e impulsionam que seus colaboradores tenham senso de dono e protagonismo na sua relação com o trabalho e na gestão de sua carreira.
Portanto, se quer mudar, proponha. Se não concorda, exponha. Não espere o feedback, peça. São estas atitudes que evidenciam que você está no barco remando junto e não só deixando que te conduzam.
Não delegue nem se abstenha do seu papel protagonista nesse processo. Traga o seu pão para a mesa e todos vão poder experimentar mais opções. Traga suas ideias para a mesa e todos vão poder se apropriar, refletir, agregar e gerar o conhecimento coletivo que nivela, engaja e impulsiona os resultados. Só assim o pão cresce e a fatia de cada um também.
Pronto para colocar mais fermento na massa?
Érica Saião para a coluna Mulher & Carreira
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