Ainda sinto aquele seu abraço quente, exalando carinho e bem-querer; ainda sinto seu cheiro fresco de limpeza, que exala hortelã com notas doces de alfazema. Sinto seus cabelos molhados respingarem gotas geladas no contorno do meu rosto jovem, e sinto suas mãos me segurarem firmes para que eu não caia, para que eu não me machuque… Ainda sinto você, tão presente e tão viva, que não consigo entender como você pode não estar aqui, cantando suas músicas melancólicas e cheias de dor e saudade… sinto sua presença nos momentos mais abstratos e mais calados, naqueles em que eu estou em paz com a minha teimosia, em paz com a minha alma inquieta e cheia de projetos a serem feitos e conquistas a serem alcançadas. E são nesses momentos que encontro seu olhar cuidadoso, aquele que enxergava em mim uma versão melhor, que sempre esteve aqui dentro, mas que até hoje eu não consigo acessar… só alcanço essa versão através do seu olhar e, desta forma, me sinto completa. Me sinto “eu” de um modo mais intenso e mais pleno, como se estivesse sentada novamente naquele balanço, como se estivesse voando baixo com os empurrões que você costumava me dar, com aquele sol do final das tardes frias do outono, que esquentavam o corpo sem queimar a pele… Sim, ainda sinto sua energia, sinto sua presença e sinto seu olhar acompanhar de longe e brevemente, meus passos barulhentos em busca do meu sucesso; e quando paro, fico em silêncio e não penso em nada, me sento novamente naquele balanço e sinto intensamente aquele momento em que dividimos o mesmo bronzeado… Fui! (sentir você, um pouquinho mais…)
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