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Arrisque ‘acessibilizar’

Quem já utilizou uma rampa para se locomover porque quebrou ou torceu o pé ou ainda porque está gestante ou está com alguma dificuldade de se movimentar – mesmo que temporária - sabe valorizar o bem que ela oferece. Cada metro concluído do trajeto é uma vitória da mobilidade autônoma. A acessibilidade não atende apenas às pessoas com deficiência. Ela também facilita e muito a vida de outras pessoas que não têm deficiência.


A dinâmica de criar meios acessíveis às pessoas com deficiência fez nascer inúmeras soluções que inicialmente foram criadas com o foco nas pessoas com deficiência, mas acabaram sendo estendidas para objetivos além da inclusão e são muitos os exemplos.


A máquina de escrever mecânica é uma dessas invenções. Sua criação tem diversas patentes e autores, mas uma delas é atribuída ao inventor italiano Pellegrino Turri. Em 1808, ele criou a máquina de escrever para se comunicar por cartas com a mulher por quem era apaixonado e que havia ficado cega, a condessa Carolina Fantoni da Fivizzono. Ela não escrevia mais as cartas à mão e a partir da nova invenção do amado, poderia corresponder-se sem a intervenção de terceiros. Somente decorando a posição de cada letra no teclado.


Com os avanços da tecnologia, novos recursos foram criados especificamente para viabilizar o acesso das pessoas com deficiência ao mundo virtual, as chamadas tecnologias assistivas. Porém, muitos deles miraram as pessoas com deficiência e acabaram conquistando os demais usuários e transformando a nossa realidade com facilidades das quais não podemos mais abdicar. 


Esse é o caso das tecnologias touch e zoom, que permitem aproximar a imagem na tela do computador, do celular, do tablet, com o toque dos dedos para torná-la maior e mais visível. Essa facilidade foi desenvolvida para ajudar pessoas com baixa visão. Assim como as mensagens de textos nos celulares, criadas pelas operadoras para atender pessoas surdas.


Os equipamentos de assistentes virtuais como a Alexa, também foram idealizados para ajudar pessoas com deficiência que não podem usar as mãos para interagir com o equipamento. Hoje, eles estão nas casas das pessoas em todo o mundo, nas empresas e oferecem inúmeras utilidades. 


Um time diverso na empresa faz da mistura de culturas, opiniões e vivências o aumento da competitividade nos negócios, traz mais inovações e mais conexões com seus clientes. A acessibilidade é um direito que beneficia além da pessoa com deficiência. Quando se escolhe não oferecer acessibilidade, escolhe-se excluir pessoas e a exclusão é responsabilidade de todos. Promover a acessibilidade em todas as suas oito dimensões é garantir que o capacitismo dê passagem (literalmente) a todo ser humano. Porque afinal, por onde passa uma pessoa cadeirante qualquer pessoa pode passar. ‘Acessibilizar’ é antes de tudo ‘dar passagem’. É humanizar!


Carolina Ignarra para a coluna Corpos Sem Filtro

Encontre-a no Instagram: @carolinaignarra


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