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As Gárgulas de Notre Dame

Olhei-vos, pois, por tempo demasiado; tratei-vos com o respeito que pedistes, com a calma que clamastes e com a misericórdia que suplicastes. Elevei-vos à condição de nobres humanos que podiam adentrar o meu palácio sem que mal algum, de todos os séculos, guardado em meu interior, regurgitasse sobre vocês. Esperei a volta dos justos, que não aconteceu; anoiteci os dias mais cedo para fazer cessar a fúria de uns tantos que se encantavam por provocar o Senhor da Morte.

Esperei um pouco mais para que os anjos se encarregassem de consertar o que ainda podia se sobressair aos sete pecados sem atribuir perda real de valor à raça humana. Propaguei o veneno da clemência para os que precisavam de punição e penitência; atendi aos enfermos da alma sem tocar em seu corpo santo; observei os exageros cometidos pelos homens que deviam propagar sua fé na nossa legião, vi seus demônios se abastecerem de perversão e promiscuidade genuína. Surpreendi-me com as profanidades e exorbitâncias feitas em nome de nada, por vagos acordos mundanos irrisórios que acabavam com o jubileu dos que alcançavam a Santa Fé, dos que tentavam comungar o elixir do prazer inóspito, em silêncio e meditação.

Abstraí-me, pois, de ser clemente como vós sois ao bandido que exala morte com sorriso de vitória, que entorpece os pulmões com o ar negro do pecado comum e que transita entre o limbo do inferno e o colo de suas mães malditas, que geraram seres desprezíveis de bom-senso e altruísmo.

Entrego-vos o destino do final desta nação, que já começa a usufruir das dores do novo holocausto social, em um alerta de que o Apocalipse se aproxima no tempo das batidas das asas dos anjos caídos e com a observância das Gárgulas de Notre Dame…

Fui! (…)

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