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Bem-vindo ao Fundamental 2



Quando vejo um líder carismático dar adeus, sinto um pequeno aperto do lado direito do peito… remeto ao período em que deixava o ensino fundamental 1 em direção à próxima etapa, na minha época chamado de “ensino secundário”, quando os professores ainda tinham aquele apelo quase “maternal”, algo similar a um tio que ensina, mais do que um mestre que cobra providências.


É certo que, ao entrar para a segunda fase do meu ensino, encontrei um ambiente mais sério, mais ríspido, mais adulto. Não tinha mais aquele cuidado excessivo, aquela voz que me dizia o que fazer, quando fazer e como fazer. Não tinha mais o calendário escrito com a letra dos “tios”, mas tinha, ao invés disto, uma agenda com linhas vazias que me obrigavam a preenchê-las.


Fui instigada a percorrer este caminho, mesmo sem entender direito e sem ter noção de como faria para caminhar com regras tão complexas. Segui firme com passos desajeitados e infantis; permiti-me seguir com fé e com a voz nostálgica dos meus ex-professores, que me incentivavam, de forma afável e doce, a escolher meu próprio caminho, em meio às diretrizes dos novos líderes que se apresentavam.


Logo, nas semanas que se seguiram, percebi que os novos líderes eram diferentes dos antigos, mas, por ironia do destino, eram exatamente o que eu precisava naquele momento: pessoas comprometidas com o meu aprendizado, que me entregavam a desagradável sensação de frieza, que era desconfortável, mas que se mostrou muito eficaz e necessária para o resto da minha vida.


Passei a escutar suas vozes, no tom e cadência que imputavam o regime da nova ordem, aquela que assegurava o controle das matérias e das experiências necessárias, de uma forma mais intimidante e real, não mais como um “tio amigo”, mas como um técnico de futebol que cobra resultados e que apresenta um olhar mais realista do mundo.


Cris Coelho para a coluna Maternidade

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