Comecei assistindo Blonde com a certeza de que, ao final do filme, conheceria a história da verdadeira Marilyn Monroe. Acredito que todos nós sabemos quem foi a mulher que marcou a indústria do cinema, mas creio que poucos conhecem sua verdadeira faceta.
Porém, para a minha surpresa, após ter assistido 2h47min de uma cansativa narrativa em que nada parecia fazer sentido, descobri que o filme não era uma cinebiografia da vida de Marilyn Monroe, e sim uma cinebiografia fictícia inspirada no romance Blonde de Joyce Carol Oates. Na verdade, a obra reimagina a conturbada vida privada da lendária atriz, modelo e cantora e discute o preço que ela pagou pela fama.
Pelo que pude ler através de críticas e resenhas, eu não fui a única a me surpreender com essa informação, outras pessoas e fãs também foram pegos desprevenidos e ficaram decepcionados. Visto que após a repercussão das fotos da atriz Ana de Armas como Marilyn Monroe, a expectativa do público só cresceu.
Para mim a atuação de Ana de Armas foi o ponto alto do filme. Ela entregou tudo como Norma Jeane — nome verdadeiro de Monroe — do início ao fim, e ouso dizer que tiveram momentos em que eu não sabia discernir quem era quem por causa da semelhança entre as duas. Mas a forma infantil como na maioria das vezes se comportava e até mesmo burra, foi um tanto constrangedor. Ela sempre forçava a voz para parecer mais inocente do que era e dava um tom imaturo para a "personagem". Pelo pouco que conheço de Marilyn Monroe ela também era uma mulher bem-posicionada e não uma “loira burra” como Hollywood costumava taxá-la. E convenhamos que é um termo bastante preconceituoso e sexista.
Blonde também focou apenas nos relacionamentos fracassados e conturbados da vida da atriz, deixando de lado todos os seus outros feitos que revolucionaram a indústria cinematográfica. O que é extremamente triste e irresponsável pegar a história de vida de uma mulher real e transformá-la em um drama resumido a desilusões amorosas.
Mais um ponto que preciso ressaltar, mas que encarei de forma positiva, foi a briga interna entre Norma Jeane e Marilyn Monroe. O filme quis mostrar que existiam duas facetas na vida dessa mulher que queria apenas ter uma família e viver uma vida normal, mas era escrava das vontades da outra, ou seja, Marilyn. Foi intrigante acompanhar essa luta interna entre a personagem e acredito que o filme tenha acertado neste ponto.
Por outro lado, errou ao expor de forma desnecessária tantas cenas de nudez de Ana sem de fato servir a algum propósito para o filme. Spoiler: e eu não preciso nem comentar o absurdo que foi uma das cenas de aborto ao termos acesso dentro da vagina de Marilyn!
No mais, é uma obra que não recomendo que assista, pois é exaustiva, os fatos não são contados em uma ordem clara e linear e se você quer saber quem foi Norma Jeane Mortenson, recomendo que assista um documentário confiável ou leia biografias, como: Marilyn, de Norman Mailer, Marilyn últimas sessões, de Michel Schneider, a biografia dela escrita por Donald Spoto, dentre outras biografias e documentários confiáveis no mercado.
Matéria de Victoria Cabral para a coluna Filmes & Séries
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