Sempre me questionei muito, com diversas dúvidas a meu respeito, nunca tendo certeza do que eu queria pra vida ou para o amor. Será que estou fazendo isso porque minha amiga gosta ou porque eu gosto? Quero mesmo ir nessa balada ou estou indo porque é algo que meu namorado gosta de fazer e eu preciso gostar também? Assim também foi meu questionamento com a não monogamia; será que estou aceitando esse formato porque não quero perder a pessoa com quem me relaciono? Será que isso não passa de medo de ser abandonada? Refleti a respeito de isso e (ufa!) a não monogamia está em mim porque quero mesmo!
Mas ela é bem menos leve do que deveria, na minha cabeça todo pequeno problema é um problemão que não consegue ser resolvido de jeito nenhum, os sentimentos ruins estão sempre no seu máximo beirando a raiva, o que me leva a ataques onde em alguns momentos acabo me machucando fisicamente, e machucando emocionalmente quem esteja comigo e tudo em vão porque os ataques só são da boca pra fora e dificilmente quero dizer tudo o que disse, mas o estrago já está feito, não consigo pegar as palavras que saíram e engoli-las como se nada tivesse acontecido. E para conversas olho no olho, preciso de atenção redobrada uma vez que meu cérebro decide dar uma passeada e não escuto uma palavra do que me foi falado, “eu juro que ligo sim para o que você tá falando, espera por favor, pode repetir?”
Quando eu gravo vídeos falando de resoluções na relação, eu estou nos meus dias bons, onde a grama é verde, o sol brilha a pino, e tudo o que a gente quiser a gente pode fazer, mas esses dias são raros, uma escassez desenfreada, por isso tento aproveitá-los ao máximo. Eu sei que os match’s que dei não vão pra frente, não pelas pessoas serem ruins de papo, mas porque vou enjoar e não vou conseguir dar continuidade aos assuntos, sei que os amigos vão se afastar porque eu me afastei primeiro, sei que entrar em relacionamentos novos vão ser mais difíceis, porque sempre estarei paranoica com cada mísera coisa que o outro fizer, sei que vou ter que me controlar e estudar duas vezes mais e ter cuidado com as piadas autodepreciativas, não é todo mundo que vai entender o meu humor e achar graça.
O border (Borderline) e a não monogamia vão de encontro muitas vezes, mas na não monogamia tenho espaço e apoio, alguns sentimentos são maiores que outros, mas posso ir e vir, ser o que quiser, e é por isso que sou.
Giovanna Rodrigues para a coluna Não Monogamia
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