O vento que passa por mim congelando minhas extremidades e ofuscando minha respiração, limpa minha mente de tudo o que que me faz triste. Este vento, que é rápido e fagueiro, traz um compasso de felicidade nos poucos segundos em que invade meu corpo machucado de tantas cicatrizes que carrego pelo caminho…
É ele quem dita o ritmo da chuva de pensamentos que vão vigorar fortes em um compasso de alegria e dor, em relances de boas recordações e pinceladas de abandono e negação, todas encobertas pelo manto sagrado da minha autoestima, que me faz valente em meio aos medos de reprovação dos que amo.
Junto-me ao vento que insiste em soprar novas memórias, de bons momentos que estão chegando, dos passos que serão dados rumo a algum lugar que ainda desconheço, mas que anseio por ele com a mesma vontade com que me sinto confortável nessa nuvem congelante que me abraça sem pudor até alcançar a parte mais profunda da minha alma melancólica e carente.
Ao final, despeço-me dele como se suas bênçãos, por fim, tivessem surtido efeito, ou como se estas me fizessem acreditar que a brisa quente, que chegará em breve, será mais amena e menos forte que a tarde fria que limpou minhas feridas e renovou minha fé na vida…
Fui! (Abraçar o vento…)