Adoro cavalheirismo! Acho lindo o homem que abre a porta, pega na mão para ajudar a sair do taxí, desce primeiro a escada, para amparar a mulher. Acho romântico também. Quando fazem comigo, me sinto cuidada, amada.
E é um meio caminho andado pra eu me apaixonar…
Devo confessar – podem me crucificar – que gosto até de cantada na rua. Claro que não cantada grosseira, mas galanteio, tipo “essa é a nora que mamãe queria”. Tem uns 500 anos que não escuto isso aqui no Rio, mas no Chile, onde morei há um tempo atrás, era quase uma coisa cultural a cantada, que eles chamavam “piropo”. Passar perto de obra era escutar uma saraivada de assovios! Quem já foi como turista e visitou o Mercado Central de Santiago certamente viveu essa experiência. Fui uma vez com minha filha e minha mãe, e adivinha quem foi a mais cantada? A velhinha rebolativa, claro, que a cada elogio rebolava ainda mais!
O chato é que, numa sociedade machista, atitudes condescendentes com os elogios podem estimular os sem-noção, os que acham que mulher gosta de ouvir grosseria, ou de ser sarrada no transporte público. O ‘bonita’ que gosto de ouvir pode descambar em atitudes machistas agressivas.
“Um homem carregar minhas sacolas de supermercado passa uma mensagem machista, de que eu não sou capaz de carregá-las? Ou é uma gentileza(…)”
Mas, e o cavalheirismo? Um homem carregar minhas sacolas de supermercado passa uma mensagem machista, de que eu não sou capaz de carregá-las? Ou é uma gentileza para aliviar um dos vários pesos que temos que carregar pela vida? Vá lá, pode ser só uma forma de cantada, de exibição da masculinidade. Mas pode ser porque, em grande parte, homens tem mais força física que mulheres, e querem ajudar apenas. Eu tinha um amigo gay que era assim de cavalheiro, comigo e com as outras amigas.
Na recente polemica do soco do Will no sujeito bocudo do Oscar, muita gente boa achou machismo do Will ir lá tirar satisfação. Eu não achei não: ele foi defender a pessoa da relação que estava fragilizada com a agressão (sim, pouco se falou sobre a agressão verbal que a Jada sofreu!).
Se fosse o contrário, fosse ele a pessoa que estivesse fragilizada naquele momento, não tenho duvida de que ela iria dar um socão merecido na cara do babaca sem graça! Eu iria defender o homem que amo, assim como espero que ele me defenda, sem precisar socar ninguém, de preferência…
Falando nisso, a inspiração pro tema desta coluna foi justamente meu novo namorado. Estamos juntos há um mês, e eu estou fascinada em como um homem pode ser tão gentil e atento! Rapidinho acendeu a luzinha vermelha: será que é machista? Porque, sim, já saí com sujeitos cujo cavalheirismo era só arma de conquista; já namorei machista para quem as atitudes de cavalheiro não eram gentileza, e sim uma extensão do seu papel de macho provedor. Mas meu instinto me diz que ele é um exemplo de que homem pode sim ser cavalheiro por ser parceiro, por valorizar o feminino em sua delicadeza e sua potencia. Isso é o que admiro em um homem cavalheiro e, se é o namorado, perfeito!
OK, tem só um mês de namoro… daqui a 365 meses eu conto se o meu instinto estava certo, rs.
Ana Lúcia Leitão para a coluna 50+
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