Hoje não foi uma terça-feira comum, acordei antes do habitual para levar meu filho ao exército, ele precisava se apresentar. Quando foi mesmo que ele virou um homem que eu nem percebi? Coração de mãe é mesmo complicado, ao mesmo tempo que dá um orgulho danado ver o desenvolvimento dele, dá também vontade de pegar no colo e cuidar, proteger, independentemente da idade ou da barba no rosto.
Quem inventou isso de que as mães precisam deixar seus filhos voarem mesmo? Eu sei que é o certo, mas como é difícil!
Deixei ele na porta do quartel aqui da cidade e voltei para casa sem saber como seria seu próximo ano. Não havia nada que eu pudesse fazer além de tomar o meu café habitual e aguardar.
Esquentei a água, coloquei as três colheres cheias de café no filtro e meu olfato se deliciou por alguns minutos. O café desceu queimando a garganta, ou seria um choro querendo sair?
Fiquei ali, saboreando meu momento favorito do dia enquanto um filme passava em minha mente: o nascimento, meus peitos sangrando para amamentar devido a mastite que tive, a primeira fruta, os momentos na praça em que eu corria atrás dele enquanto estava descobrindo o mundo. O primeiro dia na escola, meu coração apertado com a primeira viagem sozinho.
Pensei no tempo das coisas e nos nossos momentos juntos que hoje são raros. Lembrei da minha mãe e como deve ter sido difícil para ela passar por tudo isso também. Percebi que o papel havia apenas se invertido, eu havia mudado de lado, só isso.
Por um momento a culpa quis se aproximar e tomar café comigo “e se eu tivesse jogado mais bola” “e se eu tivesse feito mais carinho” “ e se eu tivesse cantado mais suas canções preferidas” “por que eu trabalhei tanto”?
Não, não! Sem “e se” porque se a gente deixa a culpa tomar conta a mente pira de vez. Não, vamos esquecer os “e se”, ok?
A gente faz o que pode, não é mesmo? Mães fazem o que podem!!! Damos nosso melhor com tudo que temos no momento e o que precisamos é de paciência para esperar e aproveitar o tempo que temos com eles, quando estão por perto.
Bom, não demorou muito para aquela ligação que eu esperava:
- Vem me buscar, mãe!?
Meu filho foi dispensado do exército. Fui buscá-lo, comemos um pastel e ele pegou o ônibus para ir embora para a cidade grande. Foi viver a vida dele, passar pelas experiências que ele precisa passar.
Existe uma pesquisa que diz que 90% do tempo que os pais passarão com seus filhos são antes dos dezoito anos, os outros 10% serão no Natal (com sorte), dia das mães ou aqueles momentos de “Oi mãe, passei rapidinho, mas já estou indo”.
Não é pessimismo, é a vida acontecendo. Quando isso acontecer é sempre bom lembrar de como nós fomos quando batemos as asas da casa dos nossos pais. Ah, e nesse momento virá aquele pensamento à mente “agora eu entendo minha mãe”.
Já aconteceu com você?
Sigo daqui, esperando pelo nosso próximo encontro e confiando que dei meu melhor, afinal mães não são heroínas. Entre erros e tropeços, a maior parte do tempo a gente acerta.
E sem manual de instrução.
Deixo meu beijo no coração de todas as mães que lerão estas palavras.
Ive Bueno para a coluna Universo Feminino
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