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Crianças Precoces

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O tempo é sábio… Ele nos ajuda a cicatrizar mágoas, acalmar dores sem solução, realizar sonhos que antes pareciam impossíveis. Muitas vezes brigamos com o relógio querendo que o tempo passe rápido, assim como as mulheres que estao grávidas e desejam que o tempo corra pra que elas possam, enfim, ver o rostinho do seu bebê, ou, ao contrário, quando o tempo passa tão rápido que o único que se deseja é que o filho fique “um tempinho mais” parado nessa idade. Só que o tempo passa mesmo… E uma das delícias da vida é ver essa evolução dos nossos pequenos, que se transformam em grandes em muito pouco tempo. Mas há algumas mães que não se conformam com esse tempo natural e tendem a adiantar o processo das coisas. Recentemente um caso teve repercussão mundial quando a mãe, uma inglesa com nome de Sarah Burge, também conhecida como a “Barbie Humana” presenteou a filha de apenas 7 anos com um (pasmem!) “Vale-cirurgia plástica de lipospiraçao”. A desculpa dessa mãe para tamanha ignorância é o fato de que sua filha só poderá ocupar o “dito vale” quando completar 16 anos. Nao interessa se a menina vai fazer ou não a cirurgia (provavelmente vai). O que importa nessa história é o efeito devastador na construçao da personalidade dessa menina que deve se refletir até o resto de sua vida. Isso porque a associação ao conceito de prazer só vai se dar quando ela se “sentir bonita”. Os seus critérios de valor vão estar obrigatoriamente associados à “beleza”, e as relações de afeto que buscar pela vida também vão estar atreladas a esse tema. “Sentir-se bonita” será uma questão primordial em sua vida, até mesmo de uma forma obsessiva. Quem necessita de um tratamento é essa mãe, mas não estético e sim psicológico… Existem outros casos de distorções psicológicas dos pais com relação à má aceitação do tempo em que vivem as crianças, como por exemplo, os pais que acham lindo dar um “golinho” de chopp ou vinho para os filhos pequenos. E nao estou falando de molhar a chupeta para o bebê dormir melhor. (Sem radicalismos!), mas sim do estímulo exagerado ao uso de artefatos e ideias que pertencem exclusivamente ao universo adulto. A consequência são crianças e jovens que desenvolvem problemas de ansiedade, compulsividade e até depressão. Senão no momento atual, provavelmente no futuro. O que acontece é que a vida, por si só, já é demasiada estimulante em um cenário cheio de preocupaçoes e cobranças, e o nível de exigência ao qual as crianças já são submetidas normalmente (até que cheguem na fase adulta) é intenso e, às vezes, pesado. Não se deveria colocar mais pimenta nesse molho… Conheço um caso de uma menina de 4 anos que é totalmente fanática por roupas de marcas (além de outras “esquisitices” que não são para nada peculiares na sua idade). Ela simplesmente se recusa a usar roupas que não sejam das marcas Lacoste, Polo, Gap ou Guess Infantil. Essa atutude é claramente um exemplo que vem do estilo da mãe associado ao estímulo dos pais que apoiam esse comportamento extremamente fútil e doentio, através do ato de comprarem as roupas que a menina “exige”. Essa menina está “replicando” o que vê e entende que agir desta forma é o certo dentro da visao familiar em que está imersa. Seu comportamento não seria “totalmente errado” se fosse vivenciado dentro de uma idade coerente com esses “abusos consumistas”, que é a etapa da adolescência. Ou seja, através do estímulo e permissividade da mãe, essa menina eliminou etapas preciosas e hoje vive uma fase adolescente em um corpo e mente de criança. É preciso conscientizar esses pais de que querer o melhor para seus filhos é diferente de quitar o seu tempo de madurez, proporcionando coisas que ainda nao fazem parte do seu universo. Ver uma criança de 5 anos comendo sushi é bonitinho, mas vê-la questionar quantas calorias têm no prato que ela vai comer é preocupante!

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