Desapego é o movimento natural a que somos submetidos a cada fase da vida. O desapego material, que é supostamente mais fácil do que o desapego emocional é uma forma de desvencilhar-se de todo e qualquer vestígio de passado-presente, e exorcizar os fantasmas guardados no armário, coroando uma vida nova cheia de desafios e objetos carimbados pela moda atual.
Mas se para uns doar o que já não se usa mais é um ato de liberdade e alívio, para muitos outros é um ato de aflição extrema, onde a peça doada, e já não usada, em pouco tempo se transforma na lembrança amarga do armário mofado que chora pela sua ausência. O tempo passa e com ele várias lembranças se esvaem pela nossa memória. E com elas se vão os momentos e as referências. Fica um sentimento, uma sensação do que foi vivido. Algo concreto? Somente aquela peça de roupa que se foi junto com sua boa ação. E se a vida não te trouxer de novo aquele momento? Certamente outros virão.
Mas com as cores da moda. E desta vez sem o acabamento xadrez e sem o detalhe de madeira que só fazem parte da coleção daquele ano… E assim a sala vai sendo renovada e o armário atualizado.
Se eu sou a favor da doação de peças velhas e sem uso? Claro que sim!!! Só que da doação das suas coisas porque as minhas estão bem guardadinhas no canto superior do meu closet. De propósito mesmo, para ninguém mexer lá, nem eu…
Fui! (treinar mais o desapego das coisas sem uso, mas que eu adoro…)