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Dirty Dancing, 35 anos? Forever.



Provavelmente, você, se tiver sido adolescente nos anos 90, não precise de explicações quando eu menciono “Dirty Dancing”. Mas se não é o seu caso, eu detalho: Dirty Dancing é um filme que foi lançado em 1987 (sim, completou 35 anos), cuja música-tema é “(I’ve had) The time of my life”, que ganhou o Oscar de melhor canção e se tornou um dos hits da década. O filme é estrelado por Patrick Swayze (o mesmo do filme “Ghost – Do outro lado da vida”, que se tornou galã de Hollywood) e Jennifer Grey, que teve a carreira marcada por sua personagem “Baby” no filme. Faz uma busca no youtube que você vai encontrar a cena final do filme, em que os protagonistas dançam ao som da canção. Alta probabilidade de você já ter visto a cena antes.


Eu contei no meu livro “Mais que um Parque” que o filme Dirty Dancing tem um papel especial na minha vida. Sempre que eu estou estressada ou precisando colocar minha cabeça em ordem, eu costumo me jogar numa sessão de Dirty Dancing. Minha família já até sabe que quando eu estou assistindo o filme, certamente não estou no meu melhor momento, mas que vou ficar em poucas horas. Após este momento particular, eu saio renovada, energizada para encarar o que estiver me afligindo.


Não, o filme não é de autoajuda. E dificilmente vai ter o mesmo efeito sobre você. Mas tem para mim e eu nunca havia refletido sobre o porquê (até agora).


Recentemente, dois amigos do trabalho comentaram sobre o filme comigo. Com um deles, estávamos falando sobre a importância de ter nossos próprios rituais e ele comentou “como o seu Dirty Dancing” - que soube ao ler o livro -, e eu me surpreendi ao saber que ele tinha registrado esta passagem. O outro, ao me enviar seu feedback após a leitura do livro, completou com “espero um fim de semana sem a necessidade de Dirty Dancing”. Ri sozinha ao ler!


Como estes dois momentos aconteceram em uma mesma semana, me peguei tentando elaborar por que Dirty Dancing, especificamente este filme em tantos outros que eu adoro (e olha que sou viciada em filmes desde a infância), consegue este efeito sobre mim.


A suposição mais óbvia seria que eu tinha um crush por Patrick Swayze, mas posso afirmar que não, ele passava longe da minha idealização juvenil. A outra hipótese seria que eu sentisse conexão com alguma personagem, especialmente a protagonista Baby. Embora até em alguns momentos eu percebesse algo em comum - como no medo que ela tinha de decepcionar os pais -, no geral, a história da personagem nada tem a ver com a minha e eu teria feito algumas escolhas diferentes na trama.


Então por que Dirty Dancing?


Confesso que ainda não tenho a resposta exata, afinal, é muito difícil racionalizar emoções. Mas acho que encontrei o meu fio da meada.


Eu era pré-adolescente quando o filme estourou e, como muitas meninas na virada dos anos 80/90, fazia aulas de jazz. “The time of my life” foi uma das músicas coreografadas e, junto com minhas amigas, ouvi e dancei incontáveis vezes. Acho que consigo fazer a coreografia mentalmente até hoje.


Das gargalhadas, quando estávamos aprendendo (e errando) a coreografia, passando pela persistência e superação, no esforço para atingirmos a precisão e o sincronismo dos movimentos, até os aplausos nas apresentações - nosso grand finale! -, sempre ao lado das minhas melhores amigas, tudo me marcou. Nossos sonhos de menina eram tão simples quanto sermos reconhecidas pela nossa professora de dança. Quem sabe, pelo público (majoritariamente de familiares) nas apresentações.


Acredito que assistir Dirty Dancing é como a abertura de um portal para mim. Eu me reconecto com a Érica do passado, que tinha muitos sonhos, mas que nunca poderia imaginar a vida que eu tenho hoje. Ao me reconectar com aquela menina, assistindo o filme, e retornar aos dias atuais, sou inundada por uma gratidão tão grande que me reenergiza. Eu me reconheço feliz. Faz sentido?


Como tenho estudado o tema da felicidade no âmbito da minha pesquisa acadêmica, vou tentar fundamentar (ainda que superficialmente) esta minha hipótese.


A psicologia positiva, corrente científica que se baseia na psicologia e na neurociência e tem como um dos seus pioneiros o psicólogo norte-americano Martin Seligman, aborda que a felicidade (ou o bem-estar subjetivo) é um conjunto de 5 fatores: emoção positiva, engajamento, sentido na vida, realização positiva e relacionamentos. A combinação desses fatores impulsiona ou arrefece o que chamamos de felicidade, segundo o pesquisador. Assim, gerenciando esses fatores, é possível encontrar a receita individual mais apropriada e impulsionar nossa felicidade.


Em resumo: a vida plenamente feliz é uma utopia, mas a gente pode usar as ferramentas que dispõe (se as conhecermos) para desarmar (ou arrefecer) os momentos infelizes.


Refletindo então sobre a minha relação com o Dirty Dancing, o filme me proporciona emoção positiva, me reconecta com meus ideais mais simples da vida e me permite enxergar minhas realizações a partir daquele olhar. Tudo isto está relacionado aos fatores da felicidade e, por isso, esta combinação impulsiona o meu sentimento de felicidade.


Enfim, Dirty Dancing, reconhecidamente um clássico do cinema, acabou de completar 35 anos, com direito a evento comemorativo e retorno às telas, sendo relançado com novos recursos de tecnologia ultra HD. Não há dúvida do seu papel para a história do cinema. Mas, para mim, é parte da minha vida e acredito que seguirei assistindo, porque Dirty Dancing é um dos meus antídotos da infelicidade.


Já parou para pensar quais são os seus?



Érica Saião para a coluna Universo Feminino

Executiva, Professora e Autora do livro "Mais que um Parque - Aprendizados da Disney e seu Fundador para Você e sua Empresa".


Encontre-a no Instagram: @erica.saiao

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