Você pode não acreditar, mas eu sempre estive aqui. Enquanto você descansava dentro da barriga da sua mãe, eu já fazia planos para nós. Quando você sorriu pela primeira vez, quando falou a primeira palavra ou quando deu o seu primeiro passo eu não pude estar presente. Era sua mãe, sua avó ou uma babá que acompanhava esses momentos. Mas eu vibrei de felicidade quando soube, pode acreditar…
Quando você teve febre ou dor, muitas vezes eu estava no trabalho e não pude cuidar de você diretamente, mas minha preocupação e zelo não foram menores, te garanto. Todas as vezes em que você tirou notas baixas eu reclamei, e briguei com você quando desrespeitou a sua mãe. Também brigava quando você se rebelava e queria sair sozinha, ou quando saía e não voltava na hora combinada.
Você tinha um pouco de medo de mim… na verdade, acho que não era propriamente medo de mim que você sentia. Era medo das minhas broncas, um respeito duro que eu impus, mas necessário para a sua sobrevivência.
E eu aprendi com você. Aprendi muito! Comecei a dançar e a cantar, entendi que masculinidade nada tem a ver com machismo, e me permiti ser mais doce e mais gentil. Me viciei em abraços e beijos e me permiti chorar quando você alcançava alguma vitória.
Vi minha vida passar por mim todas as vezes em que você cumpria as etapas da sua. Me despedi dos mais velhos e encontrei em você a razão para continuar minha caminhada.
Perdi noites em claro pensando como conseguiria juntar tanto dinheiro para continuar a manter o seu padrão. Me preocupei demais com a sua estabilidade emocional e financeira. Não queria que você seguisse qualquer profissão que não te “levasse lá”, mas depois, você novamente me ensinou que só chegaria “lá” se fosse através do caminho que você escolheu.
Eu aceitei suas mudanças, eu mudei meus pontos de vista e melhorei para você.
E todas as vezes em que você me procurou e não achou, eu estava aqui, construindo os alicerces para fazer da sua vida um lugar mais seguro.
Porque eu quero o melhor para você… eu sou seu pai.
Fui! (te olhar…)