Eu só quero isso… só quero parar um instante para respirar e aceitar a vida como ela é. Quero gozar a vida que tenho, no tempo que posso e da forma que me comove. Quero poder sorrir sem medo de ser considerada fútil, quero silenciar meu manifesto sem precisar explicar minha ausência de fatos para os dramas do cotidiano e quero, por fim, entregar as circunstâncias do meu futuro para o destino decidir.
Quero comandar um exército de verdades não ditas e não quero brigar com os caprichos e recalques de quem eu mal conheço. Quero ser autêntica dentro da minha bolha e rir da minha miséria toda vez que olhar minha geladeira desabastecida ou minhas celulites bem nutridas… quero fazer da minha vida algo mais meu e menos do mundo, algo bem parecido com o enredo de um livro de romance, onde tudo que a mocinha precisa é de um bom café quente em um final de tarde frio, que contempla serena em um canto de uma janela qualquer.
Quero perder-me na vastidão das horas de maior movimento, sem culpa por isso ou por aquilo; quero deter-me no enlace do meu próprio reflexo, cheio de mistérios sinceros e de incríveis abismos morais. Quero pensar livremente sobre temas tão polêmicos sem que, para isto, tenha que me voluntariar para defender alguma causa. Quero parecer eu mesma, simples e modesta, mas sempre perfumada, com doses certas de equilíbrio e parcimônia, que encobrem a imensidão de pensamentos impuros que visitam minha mente inquieta.
Quero um pouco mais de café e um pouco menos de reclamações; quero experimentar o gosto amargo de ser eu mesma, mesmo que isso signifique colocar um pouco maquiagem cada vez que percebo o desgaste inevitável que minhas angústias causaram na minha pele tão bem tratada.
O que eu quero? Só isso…
Fui! (buscar…)