Eu tive que ir embora… tive que ir para que você pudesse conhecer novos amigos, novas possibilidades de amor. Tive que sair da sua vida para que você se obrigasse a enfrentá-la, a encarar seu medo da solidão e para que você pudesse se reinventar.
Mas eu sempre estarei aqui, contando de novo as mesmas histórias, caminhando ao seu lado em um passado que nunca nos abandonará, somente deixará de ser tão cotidiano. Seremos as melhores lembranças e teremos um “nós” guardado no peito, para acessarmos todas as vezes em que as suas mãos gelarem e sua respiração se tornar escassa. Seremos um elo de ligação entre o bom que tivemos e o ótimo que você buscará. Vamos repetir muitas vezes o nosso mantra e cantar as nossas músicas, mas agora em outro ritmo.
Levo na mala apenas a certeza de que precisei ir, que realmente tive que ir. Não podia lutar contra o destino, pois ele já havia reservado um monte de coisas para você… saí do caminho dele para dar passagem para a sua vida, cheia de emoções e desafios. Parei um pouco na margem da estrada e fiquei observando você sendo conduzida até o altar. E depois até a maternidade e aos vários cargos de trabalho que você conquistou. Também te vi chorar umas milhões de vezes, em todos os momentos em que você se sentia fracassada. Vi seus sonhos ruírem quando ele te deixou e vi seu sacrifício para acordar todos os dias no mesmo horário, tão cedo…
E, embora eu tenha tido que ir, não pude ficar só observando, tive que voltar e te consolar. Pena que você não me viu. Mas eu estava ali, do seu lado, te olhando.
Sim, eu tive que ir. Mas acredite: eu jamais fui.
Fui! (Te olhar…)