E de repente… feriado! Só que este será um feriado diferente, cheio de restrições ao lazer e com muito comércio fechado. Basicamente, este feriado serve para que as pessoas fiquem em casa, para evitar que o colapso na rede de saúde tome o país com um golpe de crueldade, deixando asfixiados os que carecem de ajuda e empatia.
Não entro em discurso político porque tenho preguiça de assuntos ultra polarizados e reservo-me o direito de apenas tangenciar a sua esfera, tocando nos detalhes cotidianos que nos entregam a boa ou a má política.
Pois bem, como consequência deste decreto e desta lei (ou dos dois, não sei…) a população do Rio de Janeiro será obrigada a “parar”. E quando penso em parar, logo visualizo minha cama aconchegante, que está sempre ali, disponível para apaziguar minhas aflições e meu cansaço extremo, em todas as vezes em que escrevo minha interminável lista de afazeres diários, cujos temas variam entre comprar alho e banana até escrever poesias eróticas com cuidado para excitar o leitor sem deixá-lo cair na vulgaridade cotidiana de um “pornozão”.
E entre picar a carne e escrever sobre desejo, percebo pais enfurecidos do lado de lá das suas telas de whattsapp reclamando do que para mim está sendo um verdadeiro presente: a possibilidade de poder dormir até as 8 ou 9 h da manhã nesses próximos dias!!!
Leio que o colégio está muito devagar e que parar agora trará “prejuízos educacionais incalculáveis” para os nossos filhos… e penso no quanto este colégio é difícil e do quanto meus filhos estão exaustos por estudarem desde às 7:15 h às 13:30 h; penso nas milhões de atividades que os meus pré-adolescentes fazem durante seu cansativo dia e chego a me sentir culpada por os obrigaram a contribuir com a rotina da casa…
Penso no meu marido e vejo sua luta diária para conseguir conciliar trabalho com trabalho e com mais… trabalho!!! Sim, porque sua jornada triplicou desde que foi trabalhar em home office e agora, verdade seja dita: eu busco preencher cada minutinho livre com demandas de casa, em uma luta diária e eterna com o “Candy Crush”…
E, por fim, penso em mim, em quanto estou realmente exausta, louca para dormir por horas, se puder por dias, comendo absolutamente tudo que vem à minha frente e fugindo da TV aberta como quem foge de um ladrão. Nada contra a Globo ou a CNN, juro! O ladrão é aquela falta de esperança que me assola, cada vez que escuto os números de mortes, de desempregados, de vítimas da violência e de tudo que vem acompanhado com as notícias… o ladrão é um substantivo feminino e se chama “realidade”.
Então, aproveito este decreto para decretar também uns dias de “day off”, aconchegada dentro dos espaços sagrados da minha literatura nada convencional, no seio da minha família mais próxima e plena de mim com minhas 8 xícaras de café preto para me manterem acordada nesta dimensão que entrei sem querer, e que mais se parece com um reality desses em que todo mundo briga, mas que no fundo o que realmente querem é colocar o pijama e comerem um bom pedaço de pizza, acompanhada de uma generosa taça de vinho…
By Cris Coelho