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Frágil, eu?


Se você já fez mudança de residência ou recebeu encomenda que exige cuidado no transporte, já viu aquela etiqueta na caixa escrito “frágil”. A gente logo entende que contém algo que pode ser quebrado por um choque.


O termo frágil também é usado para pessoas, quando se referem a quem necessita de cuidados, ou é delicada, e até quem é emotiva. Você já deve ter ouvido falarem que o bebê é frágil ou alguém tem uma saúde frágil, por exemplo. E certamente sabe que até já associaram a mulher ao termo frágil (sem comentários!).


Isto tudo é só para contextualizar que vamos falar aqui sobre a palavra do momento: antifrágil. Diferentemente do que a gente pode pensar numa associação direta, antifrágil não é algo que não pode ser quebrado. No conceito proposto por Nassim Nicholas Taleb, no livro "Antifrágil: Coisas que se Beneficiam com o Caos", antifragilidade está relacionada à capacidade de resistir a choques e ainda se fortalecer e prosperar com a adversidade. Trocando em miúdos, após um impacto, o que é antifrágil não só volta ao seu estado original como ainda fica melhor.


E antes que você (se) pergunte, este conceito não é igual ao da resilência. Antifrágil vai além, porque algo resiliente volta ao seu estado original. Antifrágil evolui. Dá para imaginar?


Um exemplo bem simples para fazer uma analogia é o que ocorre com nossos músculos quando fazemos treinamento físico. Se você curte um treino, sabe como é. A intensidade dos exercícios gera estresse muscular, mas o corpo se recupera e ganha condicionamento. Ou seja, o corpo acaba se beneficiando do estresse.


Conceito entendido na teoria! Mas por que tem sido tão comentado no meio corporativo? Porque a antifragilidade desafia conceitos tradicionais e nos impulsiona a abraçar o caos e encarar as “perturbações” como oportunidades de crescimento e melhoria.


Um profissional antifrágil no meio corporativo seria aquele que tem mentalidade aberta para lidar com a incerteza, a volatilidade e os desafios. Tem coragem e curiosidade para explorar alternativas de resoluções de problemas. Em vez de temer o fracasso, aceita como oportunidade de crescimento e aprendizado e segue em frente. Concorda que isso vale para a vida?


Pensa na sua história e tenta focar no momento de maior tribulação. Como você ficou depois que tudo passou? Tenho certeza que criou casca para antever e encarar esse tipo de situação. Saiu fortalecida e mais preparada.


Um profissional antifrágil no meio corporativo seria aquele que tem mentalidade aberta para lidar com a incerteza, a volatilidade e os desafios. Tem coragem e curiosidade para explorar alternativas de resoluções de problemas. Em vez de temer o fracasso, aceita como oportunidade de crescimento e aprendizado e segue em frente. Concorda que isso vale para a vida?

Se você leu o meu texto “Permita-se ser vulnerável”, publicado aqui na coluna, pode ter ficado com a seguinte dúvida: é para se permitir ser vulnerável ou para ser antifrágil? Posso responder que, embora não pareça à primeira vista, antifragilidade tem tudo a ver com vulnerabilidade.


As duas coisas andam juntas, pois a vulnerabilidade se refere à disposição de reconhecer e expor fraquezas, e reconhecer a própria vulnerabilidade é o primeiro passo para se tornar antifrágil, pois permite identificar em que a gente precisa melhorar e se adaptar. Afinal, a gente só pode se fortalecer quando reconhece e enfrenta suas fraquezas.

 

Além disso, ser vulnerável no ambiente de trabalho significa ser capaz de admitir erros e pedir ajuda quando necessário, reconhecendo as próprias limitações para se desenvolver. Aproveitar as oportunidades para aprendizado contínuo e crescimento é essencial para a antifragilidade.


A vulnerabilidade também pode envolver a aceitação de que você não tem todas as respostas e que está disposto a experimentar e aprender com a incerteza, e a antifragilidade envolve justamente a aceitação da incerteza e a disposição de se adaptar a eventos imprevistos.


Portanto, a relação entre antifragilidade e vulnerabilidade é estreita e à medida que a gente assume as nossas vulnerabilidades e trabalha nelas, vai se tornando mais antifrágil. Fez sentido para você?


Enfim, ser antifrágil tem um quê de tudo que temos ouvido nos últimos tempos como as características profissionais requeridas pelo mercado: adaptabilidade, inteligência emocional, habilidades analíticas e de resolução de problemas, capacidade de análise das falhas e uso do conhecimento para melhoria contínua.


Então, da próxima vez que você se perceber no meio de uma mudança e cercado de incertezas, lembre que você não está dentro da caixa com a etiqueta “Frágil”. Não se tranque numa caixa imaginária esperando tudo passar, ou você poderá se quebrar antes de chegar ao destino. Seja vulnerável para reconhecer que não sabe para onde estão indo, mas assuma o seu papel para impulsionar a melhor direção. Isto é ser “antifrágil”.


Frágil, eu? Nem pensar! A gente nasceu pra ser antifrágil!


Érica Saião para a coluna Mulher & Carreira

Encontre-a no Instagram: @erica.saiao

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