Tenho três contas no Instagram, todas servindo como meio de divulgação do conteúdo que crio para meus produtos literários em outras plataformas. Isso mesmo: para mim o Instagram é um “MEIO” e não o “FIM”.
Recentemente vivenciei um pouco de duas palestras intensas ministradas por dois profissionais que se auto-intitulam “gigantes” da rede, no quesito marketing de conteúdo para o Instagram. Suas palestras foram úteis e interessantes, porém, avaliando o meu negócio percebi essa sutil diferença no segmento de criadores que vivem para criar e criadores que criam para o negócio Instagram.
Eu sou uma criadora nata, vivi meus 42 anos de idade criando histórias na minha cabeça, histórias no percurso da minha vida e hoje em dia, histórias que envolvem meus personagens; também crio debates, instigo pensamentos e fomento emoções em forma de poesias eróticas, como se, de alguma forma pudesse entrar na cama de cada um dos meus leitores, sem que eles percebessem…
Optar viver como criadora de conteúdo requer talento, disposição e, muitas vezes, coragem para falar sobre temas que machucam ou que são controversos em uma sociedade já tão pluralizada. É uma forma de vida a escolha por ser criadora de conteúdo, como também escritora ou jornalista.
Sem sombra de dúvidas, este tipo de criação, que sugere um pensamento mais elaborado, seja em qual narrativa for, não pode ser ampliado para 10 stories ou 2 posts diários, gerando uma repetição sem nenhum propósito específico, apenas com o objetivo de manter-se presente no ranking de perenidade da escolha dos seus seguidores.
Depois dessas várias horas de palestras, que mais me serviram como um estudo aprofundado do comportamento esperado dentro do Instagram, percebi que a arte de postar dentro da plataforma se mascara em estratégias exaustivas de exposição, que mais se parecem como uma guerra pela audiência do seu expectador, seja em qualquer nível ele estiver no “funil de vendas”…
Pergunto-me até quando esse modelo exagerado de “over-postings” vai sobreviver e, caso sobreviva, quais são os criadores de conteúdo que conseguirão manter-se de pé, postando uma média de 3.500 stories e 730 posts por ano para vencerem a dura batalha de chegarem na frente das transmissões de venda do seu produto ou imagem. Como estará o estado mental dessas pessoas e como estará o nosso estado mental depois de tanto bombardeiro fútil e repetitivo? Como vamos conseguir ultrapassar a barreira dos modismos se a cada virada de mês teremos um evento “pop” para nos lembrar sobre a chegada do novo BBB ou sobre a última treta entre os famosos (quem?) das redes sociais?
Confesso que no decorrer da minha caminhada sinto-me cada vez mais cansada em tentar convencer os meus leitores a me consumirem. É como um casamento em que a amante é linda, gostosa, sabe fazer um sexo perfeito e ainda dança waka-waka pelada e eu, a esposa cheia de ideias e vivências, que possui uma enormidade boas posições na cama, conhecedora das técnicas de pompoarismo e posições de kamasutra, que preciso explicar o tempo todo para o marido que valho à pena, muito mais que “ela”, apesar do seu charme e beleza…
Sigo tentando entender a matemática dos algoritmos, mas principalmente o efeito que um comportamento repetitivo, cheio de gatilhos emocionais básicos de comunicação, com linguagem semi-infantil e abordagem superficial, tem a oferecer para toda uma geração de órfãos da televisão.
By Cris Coelho