Sempre falamos aqui na Revista Maria Scarlet sobre a quebra de padrões sociais. E como é possível estabelecer a quebra do padrão racial?
Podemos encontrar várias respostas para esta pergunta, mas certamente esbarraremos em algum ponto, em um fator crucial: o letramento racial. Através da possibilidade de enxergarmos a história sendo contada da forma que foi vivida, podemos quebrar dentro de todas nós os pontos que bifurcam na mesma esquina branca e pálida a que fomos submetidas desde pequenas.
Somos fruto dos desencontros de ideologias necessárias e da sucumbência de todos os estigmas marginalizados sobre a população de tom escuro, que foi coisificada em sua materialidade e vendida a preço de mercadoria útil nas feiras vaidosas dos antigos senhores.
Somos todas nós as vozes do passado que agora ecoam raivosas pela falta de oportunidade que eles tiveram, mas mantemos nossos vidros do carro fechado quando entendemos que um alguém marginalizado por eles vem em nossa direção.
Precisamos de educação de qualidade para aprender o que já ensinamos sem base alguma; precisamos vivenciar, ainda que na forma de filmes e livros, um pouco da dor da população negra, que vive em um sistema de apartheid social até hoje, em plena era da disrupção racial.
Precisamos de orientação para propagar as novas ideias, que são apenas ideias, mas que fomentam o embrião saudável de um futuro menos ameaçado por conceitos equivocados e abusos narrativos históricos a que todo o mundo foi submetido.
Somos nós quem deve quebrar a última barreira deste mosaico de estruturas arcaicas e opressoras, fazendo prevalecer o justo e o certo, em um modelo cada vez menos branco e ortodoxo.
Porque a verdadeira liberdade é aquela com a qual podemos pensar sem direcionamento ancestral, aquele originário de doutrinas e de chancelas.
Fui! (Reaprender a história e rever minha pequena visão de mundo...)
Cris Coelho para a coluna Vária Vozes
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