Três histórias, uma casa e um cachorro de três patas com o nome de Keanu Reeves!
Com uma narrativa bem diferente, acompanhamos, através do olhar e visão da casa, a trajetória de cada morador, como também, suas angústias, frustrações, alegrias e receios.
Cada história acontece em épocas distintas e a primeira delas se passa em 2000, onde vamos conhecer Ana. Uma jovem que mora com o pai em Lagoa Pequena na casa 8 sua vida toda, mas que quando recebe a notícia do pai que precisam se mudar ela fica completamente sem chão, principalmente por saber que precisa deixar para trás alguém muito importante e especial, sua namorada. A forma como o pai dela lidou com tudo e como trouxe calmaria para os dias da filha foi espetacular. Afinal, às vezes a dor da despedida e o medo do novo pode nos corroer por dentro, ter alguém para segurar nossa mão em momentos assim faz toda a diferença.
Já em 2010, temos a história de Greg, um jovem que precisa lidar com o divórcio dos pais e que é enviado para passar uns dias na casa da tia que pouco tem contato. A convivência entre eles será um desafio, mas com alguns ajustes conseguirão lidar com cada situação. Em meio a esse convívio, Greg vivencia novas sensações, além de ajudar a tia com sua locadora que está praticamente falida. E com isso, na casa 8 uma linda história sobre descobertas e inovação acontece. A ajuda pode vir de onde menos esperamos.
E por fim, no ano de 2020, vamos conhecer a história de Beto, que ao lado da mãe e irmã tenta se adaptar à nova realidade no auge da pandemia, tendo que conviver da melhor forma possível, além de lidar com suas próprias questões e dilemas. Para ele ter seus planos adiados por conta da pandemia foi dilacerante. Mas conforme os dias vão se passando ele encontra maneiras de fazer a diferença sem esperar pelo momento perfeito. Por mais difícil que possa ser, o confinamento pode gerar bons frutos e, quem sabe, algumas alegrias também!
O autor conduziu essa narrativa de maneira bem leve e com um belo toque de humor, tornando a leitura prazerosa, assim, nos conectando facilmente com os personagens e com suas emoções.
Ao finalizar essa obra notei que a casa pode representar cada pessoa, onde por fora transmite uma imagem que, por muitas vezes, não expressa nem sequer um pequeno grão da imensidão que carrega dentro de si. Uma casa que além de lar, guarda os amores, as dores, as consequências das escolhas, os medos, mas que em hipótese alguma deixa de acreditar em dias e momentos melhores.
“...Tenho saudades de morar aqui, mas me dei conta de que a casa não é só um lugar. Nossa casa é a gente. E ela pode até ter um azulejo rachado no banheiro ou uma maçaneta que cai toda vez que a gente bate à porta com força. Às vezes a gente fica olhando a casa dos outros e pensando “nossa, se morasse ali eu seria mais feliz”, mas, no fim das contas, essa sensação de lar não vem de um lugar. Vem de dentro.”
Uma história que te faz refletir sobre a vida, sobre nossas relações e como lidamos com tudo. Uma obra que te fará sorrir, sofrer e torcer por cada personagem e que ao final te deixará com o coração transbordando de bons sentimentos, querendo guardar todos em um potinho de tão amor que são.
Livro: Se a casa 8 falasse
Autor: Vitor Martins
Páginas: 336
Editora: Alt
Classificação: +18
Gênero: Ficção LGBTQ + YA
Andressa Adarque para a coluna Resenha da Maria Scarlet
Encontre-a no Instagram: @meuladoleitora