Te deixo minha flor preferida… minha margarida ordinária e simples. Ela combina com a minha alma, igualmente simples e descomplicada. E, se ainda assim, pareço complexa é porque me defendo com várias máscaras e com inúmeros traumas que transformo em gigantes arabescos para esconder a minha verdadeira beleza, aquela genuína que reflete a minha essência doce e sensível.
Sou eu, acessível e verdadeira, que traz essa flor desbotada e um tanto suja, para fazer companhia à sua dor inquieta. Eu, que deixei tantas outras margaridas pelo caminho, transformo nossa história em mais um encontro fortuito, aquele encontro feliz em que rimos de nós mesmos às quatro da tarde, na hora em que não sentimos aflição pelo começo ou pelo final do dia.
Te entrego uma das minhas margaridas para te dizer com sutileza que você é importante e essencial. Para demonstrar que não fui indiferente às suas dores e aos seus lamentos, só não podia entregar todas as minhas flores porque meu jardim ficaria escuro e sem vida. Preciso das minhas cores e dos meus perfumes, mas deixo um pouco para te distrair quando o inverno frio chegar e seus lamentos recomeçarem. Lembre-se de que o tempo que vivemos juntos será eterno em todos os momentos em que nos lembrarmos dele.
Agora eu vou, mas deixo um pouco de mim no seu caminho. Um pouco de nós e um pouco de você, rindo ao meu lado. Se te fiz sofrer ou chorar eu peço desculpas; provavelmente era a minha versão mascarada que estava se defendendo dos meus próprios medos. Mas, se te fiz feliz também, te peço que se lembre dessa pessoa, da que carregava margaridas para te ver sorrir…
Fui! (Deixar minhas margaridas pelo caminho…)