Por Marianna Roman
Todos nós temos uma canção que ficou marcada em nossa história. Particularmente, não consigo pensar num única dia em que a música não esteve presente nos meus fones de ouvido, nas cantigas de minhas avós, nas gravações de minha mãe ou naquelas que arrisquei cantar. A música mexe com nossas emoções e, como amante dessa arte, além de filha de músicos, mais do que ninguém, sempre repito o velho ditado: “quem canta, seus males espanta” com firmeza e certeza.
No nosso corpo, a memória musical fica armazenada no lobo posterior-inferior, ou seja, num dos lados do final de nosso cérebro. É comum que, afetivamente, melodias, letras… nos remetam aqueles momentos especiais, que compartilhamos com alguém que gostamos, que atendemos um de nossos desejos ou até os que não foram tão bons assim. A música pode ser um auxílio poderoso, complementando nossas atividades; físicas e mentais – estudar ouvindo música, fazer exercício físico. Há quem tenha dificuldade em se concentrar na presença de outros sons, mas quando o assunto é relaxar… lá está a companhia de um cantor, uma banda, uma melodia.
Sabendo disso, cientistas europeus, norte-americanos e latinos se reuniram num estudo acerca do uso da música no auxílio do tratamento de uma doença que afeta boa parte da população mundial; só no Brasil, estima-se que há 1,2 milhão de idosos afetados por ela. Depois do uso bem-sucedido de tal técnica na Espanha e nos Estados Unidos há algum tempo, a Universidade Federal da Paraíba adotou o projeto “Musicalmente”, que recebe idosos com Alzheimer para tratamento com musicoterapia.
Mas, apesar de todos esses detalhes, este está longe de ser mais um artigo com apenas informações científicas acerca de uma doença que infelizmente afeta milhões de pessoas todos os anos. Este artigo, aliás, esta coluna, é sobre como o assunto em questão – como tantos outros – inspiraram autores a criar personagens que pudessem se aproximar do público. Retratando a vida como ela é e personagens que são gente como a gente. E como tais histórias atraem o público feminino, tão ligado às questões sociais por motivos históricos.
A começar pelo queridinho delas: Nicholas Sparks. Apesar de uma parte do público apresentar relutância em ler as obras do ‘Tio Nick’ por se afastar de sua forma de escrita muito detalhista e dramática, Sparks conquistou leitoras ao redor do globo com histórias, principalmente, sobre mulheres em busca de reencontro com sua autonomia e liberdade. Abordando temas como violência doméstica e influência dos pais – também por pressão social, na vida dos filhos – dentre outros.
Assim bem pode dizer a nossa doce e marcante Ellie de “O diário de uma paixão”. O livro narra os encontros e desencontros da jovem com seu amado, e problemático, Noah. A obra passeia entre as lembranças do diário amor dos protagonistas na esperança de que essas memórias não se apaguem com o tempo nem com uma doença que pode levá-las para o fim.
Como Nicholas Sparks trouxe o papel da mulher numa sociedade passada, arcaica e um tanto patriarcal, onde ainda o discurso Feminista não havia ganhado seu devido destaque? Ellie é uma jovem romântica e sonhadora, que, como toma mulher à época, andava sob os olhos taxativos de uma sociedade que sempre pensava na mulher como sendo preparada para matrimônio e os afazeres da vida doméstica. Sem contestar, principalmente, os ensinamentos e ordens dos pais. A figura paterna inatingível, enquanto a materna carrega a responsabilidade da criação dos filhos “dar certo”. Caso contrário, há advogados para os homens e juízes para culpar as falhas maternas.
Em meio a tantos conflitos, Ellie se apaixona por Noah, então entra em cena, também, as diferenças entre classes. Ellie e Noah tem personalidade latente, mas Noah é misterioso, enquanto Ellie, como todo jovem, cultiva seus anseios nos imediatismos que imaturidade nos traz. Em certas épocas mais que outras. O casal revisita essas memórias, agora já com idade avançada e torna a narrativa nostálgica e um tanto emocionante nessa viagem pra lá de romântica.
O livro ganhou versão cinematográfica estrelada por Rachel McAdams (“Desobediência”) e Ryan Gosling (“La La Land”), duas estrelas super queridas de Hollywood, arrancando suspiros e muitas lágrimas do público, que teve a oportunidade de ter uma nova perspectiva da obra nessa versão adaptada. Por mais que toda transformação de livro em filme ou série gere expectativas, burburinhos, aclamações e reclamações, é válido lembrar que, mesmo que haja uma base, acreditando que se deva seguir o que o autor criou, as versões adaptadas são visões de alguém que criar uma história a partir de outra história. Portanto, vale abrir o coração e a mente ao que foi proposto. No entanto, podemos concordar que há alguns fiascos.
Não foi o caso do filme da indicação de hoje desta coluna.
“O diário de uma paixão” fez e faz sucesso até hoje. Sendo lembrado em diversas rodas de conversa, resenhas de filmes e livros, referências. Se você ainda não leu ou não assistiu, leia e assista; nesta ordem.
“O diário de uma paixão” fez e faz sucesso até hoje. Sendo lembrado em diversas rodas de conversa, resenhas de filmes e livros, referências. Se você ainda não leu ou não assistiu, leia e assista; nesta ordem.”
Vale também rever.
E vale deixar o lembrete de que a partir de agora temos um encontro para relacionar assuntos importantes para nossa sociedade, para a causa humanitária e a Literatura no universo feminino. Como diversos temas chegam até você, mulher, através de histórias que nos marcam intensamente em livros que ficam na memória mesmo que, em algum momento, você nem se lembre mais deles.
As histórias sempre nos acompanham.
Até a próxima.
Matéria de Marianna Roman para a coluna Empoderamento Feminino
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