Desejo escutar quando não sou chamada e entender-me necessária em todos os momentos em que minha alma cuidadosa busca o alento do seu corpo cansado.
Busco adequar-me às normas que eles impõem, mas sou livre demais para aprisionar-me nesta redoma de estereótipos e preconceitos chamada “vida”.
Quero vestir as roupas que enfeitam meu ego, em descompassos certeiros de elegância, sensualidade e erotismo genuíno.
Não sofro das suas dores e não comungo seus pecados, mas julgo seus atos com a mesma veemência com que você julga minha aparência, meu discurso ou o meu sexo.
Espero receber os aplausos que me endereçarem, com todas as honras e pompas que meu nome sugere; espero pisar no palco reluzente e recitar minha oração nada ortodoxa, para todos os que crêem, não importa a categoria da sua fé.
Busco desconcertar os que têm medo dos seres sexuais, dos que falam com a voz do erótico, com o sentido do desejo e o cheiro do gozo proeminente nas entranhas do seu corpo; busco entregar a paz de espírito que tanto buscam, em harmonia com seus espaços mais sagrados, apagando de suas memórias as dores que acumularam pela difícil estrada do prazer trocado, dos sentimentos em descompasso e do pecado mundano que insiste destruir um pouco de cada um que ousa brinca com este fogo sagrado.
Ensejo meu fim em um outro lugar, um distante demais para apontar, e sigo meu caminho com minha pele exposta e minha voz rouca, cheia de tons desafinados e errados; sigo em busca desse algo a mais, que excita ao mesmo tempo em que repreende, que estimula ao mesmo tempo em que conserta e que abraça ao mesmo tempo em que liberta.
Maria Scarlet…
Fui! (desejar…)