Rezo a Deus por mais tempo ao lado dos meus, mas evito pedir que me dê mais tempo comigo mesma, em uma oportunidade para ter uma conversa franca com minhas dores e agonias do passado. Elas pertencem ao passado, mas estão presentes no meu dia a dia, enchendo minha cama com um peso três vezes maior que meu corpo, corroendo as esperanças que tenho de um dia encontrar paz e fazendo com que meu futuro se torne mais turvo e mais carregado que as nuvens espessas de uma tarde de tempestade.
Peço calma para a minha mente inquieta, que insiste em revisitar os desagrados que sofri e os que provoquei, tento controlar minha respiração ansiosa e procuro encontrar um meio de conectar-me comigo sem precisar visitar algumas salas escondidas no sótão do meu mais profundo sofrimento…
Sou eu, em um milhão de pequenos pedaços, que agora suplica por misericórdia e que quer sair do papel de vítima, que há tempos habita meu imaginário conturbado. Não fui eu quem começou esta guerra, mas com certeza sou eu quem faz com que ela sobreviva no inferno de emoções que cerca minha vida feliz.
Peço, de novo, ao meu bom Deus, que me dê um pouco mais de tempo ao lado dos meus, para que me distraiam de mim, em um compasso de alegria e fuga da minha realidade. E termino por buscar consolo nos braços de estranhos, que nada têm a ver com a poesia delicada que habita minha alma, mas que reverenciam o lado mais raso dos meus sentimentos, com águas mais calmas e um sorriso mais encantador que o olhar de dúvida que habita a profundeza do meu mar de emoções.
Fui! (Tentar conversar com minha história e olhar para as minhas dores…)