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Minhas Escolhas


Minhas escolhas. Sim, “minhas” escolhas… falo delas com propriedade de quem as criou, mas sei, no fundo da minha alma, que nunca é tão fácil ser dono de algo, muito menos de escolhas que envolvem um universo de outros fatores, tais como, a escolha dos nossos pais, dos nossos professores, dos nossos amores.


Volto para minha adolescência e me recordo da primeira vez que transei, certamente essa não foi uma escolha minha, nem um pouco por sinal… era a escolha do meu namorado da época, que usou toda a habilidade dele para fazer comigo o que bem queria…


Penso na primeira vez em que fumei maconha e me lembro que também não foi uma escolha minha, foi em parte a escolha das minhas amigas, que decidiram que a diversão seria sair um pouco do ar e entrar em uma atmosfera com risos mais soltos e, em parte, foi uma escolha dos meus pais, que não permitiam que eu exercesse minha liberdade da forma que eu gostaria. Pensando mais a fundo, a escolha também poderia ter sido do meu namorado da primeira transa, que desencadeou um processo de culpa e autoflagelação que eu não queria encarar…


Mais adiante, encontrei um amor verdadeiro que não me foi correspondido e que me levou a ficar anos com um outro alguém, muito pior, mas que era um alguém possível e fácil de acessar. Pensei ter escolhido esse namorado de anos, mas a verdade é que o meu amor verdadeiro o escolheu por mim, eu apenas segui o fluxo do rio e fiquei ali, tentando boiar nesse lago cheio de péssimas experiências emocionais.


Mais à frente encontrei um momento dramático em que tive que fazer um aborto. Tive não… escolhi fazer um aborto! Mas pensando melhor, acho que nunca escolhi realmente isso… eu cedi a pressão de todo o meu ser, que gritava para que eu me apoiasse nos pilares seguros da minha vida organizada. Posso ter cedido a escolha do ex-namorado que roubou minha virgindade ou do namorado que me abandonou no altar dos meus sentimentos. Porque eu conscientemente, jamais escolheria fazer um aborto; ou talvez “meu eu atual”, maduro e entendido, jamais escolheria esse caminho. Assim como o de fazer sexo com um alguém que eu não tenha o menor interesse de dividir o meu tesão, ou me deixar levar em uma relação somente para esquecer um passado de mágoas.


E eu me deparo com um pensamento: São totalmente minhas as escolhas que faço? O motivo que me leva para um caminho ou outro não é determinante para a tomada de decisão e, em sendo, não seriam esses caminhos, os corresponsáveis pelas escolhas da minha vida?


Porque sim, a vida é minha, mas não necessariamente as escolhas que tomo são minhas; pelo menos não de forma genuína ou autêntica. Acredito que somos fruto de um conjunto de coisas muito maiores que a nossa vã filosofia pode absorver ou compreender. Acredito que somos melhores que as escolhas infelizes que, por vezes, tomamos.


E, no final da estrada, encontramos nossa vida dentro que que gostaríamos que tivesse sido, dentro do que escolhemos e do que não escolhemos, mas aceitamos como escolha e, dentro do que ela foi.


Por fim, compreendi que parte das nossas escolhas têm outros quereres envolvidos, mas que devemos sempre lutar para que a nossa vida contemple a maior parte das nossas verdadeiras escolhas.


E quanto ao baseado? Ah esse eu acho que escolheria de novo…


Encontre-a no Instagram: @crisreiscoelho

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