top of page

Mulheres x Mulheres, perdemos sempre!


Não gosto de estereótipos, nem dessas pseudo verdades repetidas à exaustão para fazer a gente acreditar. Mas devo admitir: que classe desunida a das mulheres! A gente já avançou tanto nos últimos anos na questão do apoio mútuo, da sororidade, que me choca perceber que o clichê da disputa feminina está tão arraigado na sociedade que algumas mulheres, progressistas até, acham normal diminuir outras mulheres, por serem mulheres.


Óbvio que apoiar incondicionalmente só porque é mulher não justifica! Tem mulher golpista, tem mulher oportunista, tem mulher falsa, tem de tudo. O problema é quando os ataques vêm pelo fato de sermos mulheres. E ainda tomando como parâmetro a régua das atitudes que devemos ter segundo as regras de conduta arcaicas que nos impõem. Como quando mulheres criticam outras pelo tamanho da roupa, por exemplo, isso para ficar num exemplo bem corriqueiro. Pior quando mulheres criticam outras por fazerem um aborto, por denunciar assedio ou relações abusivas... são mulheres fragilizadas que precisam de apoio, não julgamento, e é assustadora a quantidade de dedos femininos apontados na direção das que precisam de acolhimento. Me lembrei da jovem atriz que foi exposta, primeiro por uma mulher desonesta dentro de um hospital, ao revelar a história de sua secreta gravidez e entrega da criança para adoção, e depois por homens e até uma mulher, vendedores de notícias sensacionalistas por audiência. Em comentários de postagens, algumas mulheres, se sentindo juízas da vida alheia, cravam frases feitas como verdades absolutas, sem um pingo de empatia. É a forma de se sentirem superiores às outras, imagino, mas que necessidade danosa, é por vezes uma irresponsabilidade!


Nós, mulheres maduras, tendemos a ser mais críticas. Temos a experiência, que pode nos fazer sentir-nos conhecedoras da “verdade” (como se houvesse só uma). Temos às vezes um ranço, mágoas, traumas gerados por outra mulher. Atacamos todas, mas na verdade nos referimos só a uma, que nem está nos ouvindo. Já fiz isso algumas vezes. Porque meu pai acabou saindo de casa para casar com a amante, e deixou minha mãe sem sustento e sem chão, eu rotulava todas as mulheres que eram amantes de homens casados. Quando me apaixonei por um, fui obrigada a revisar meus conceitos... Mas, de novo, sem generalizar. Tem sim mulher que vira amante por interesse, tem mulher que trai amiga pelo prazer da conquista, ou para se sentir superior. Eu mesma fui vítima de uma hipócrita - dessas que nas redes sociais é a ‘boazinha-defensora-de-minorias’ – que aproveitou um momento em que eu estava muito fragilizada e se fingiu de minha amiga, para obter informações sobre meu namorado e nosso relacionamento, e usar para trepar com ele. Pois é, foi só isso que ela conseguiu para ela. Para mim, ela conseguiu um livramento, pois apesar do relacionamento estar ruim, eu não conseguia sair dele (relacionamento abusivo é um tema interessante, qualquer dia vale falarmos sobre). Ela acabou me fazendo um favor, mas não era a intenção.


"Nós, mulheres maduras, tendemos a ser mais críticas. Temos a experiência, que pode nos fazer sentir-nos conhecedoras da “verdade” (como se houvesse só uma). "

Apesar de sermos as mais críticas, somos, nós mulheres maduras, alvo constante deste julgamento implacável. Já conversamos sobre isso: se fazemos plástica, queremos parecer garotinhas; se não fazemos, somos desleixadas; e por aí vai.


Ana Lúcia Leitão para a coluna 50+

Encontre-a no instagram: @aninhaleitao2



bottom of page