Hoje em dia, em uma sociedade onde as relações, como dizia Zygmunt Bauman, estão que cada vez mais líquidas, fluídas, e infelizmente, superficiais, namorar é um ato quase de coragem!
Eu que passei a adolescência no fim dos anos 80, início dos 90, em uma geração em que pedir em namoro era visto como uma cafonice tremenda, onde bastava “ficar” mais de um dia juntos para já estar configurado o namoro, eu e minha geração encarávamos os namoros sem esse peso todo que tem hoje em dia. Namorar naquela época era literalmente experimentar. Eu até brincava que as pessoas eram como balas sortidas, e que até me casar com um sabor, precisava experimentar muitos sabores diferentes para descobrir quais eu mais gostava, quais detestava, quais não faziam diferença, etc.
Experimentar nas relações com o outro, é experimentar a si mesmo, e é uma forma importantíssima de autoconhecimento.
É nas relações que nos descobrimos, e inclusive que nos significamos e colocamos sentido no mundo. Quando nos privamos de aprofundar as relações por medo de sofrer, ou por não querer nos comprometer com nenhuma responsabilidade afetiva em relação à outra pessoa, perdemos a oportunidade de nos experimentar e de experimentar a vida e os outros em diferentes contextos.
“Namorar é experimentar amar!”
Quando experimentamos amar alguém, experimentamos como é ser amada por esta pessoa. Experimentamos como é compartilhar os dias, os espaços, os sonhos, as dores, os medos, as angústias, as forças, a pele, o sexo, o toque, o gosto, o cheiro, as futilidades e a intimidade. Experimentamos as famílias, os amigos, os hobbies, experimentamos um mundo diferente do nosso ao mesmo tempo que observamos o outro experimentando um pouquinho de quem somos no nosso próprio universo.
De verdade, eu acho esse movimento de experimentar amar, extremamente salutar, e não compreendo que tanto medo as pessoas têm desse “experimentar”. Namorar não é se amarrar, é apenas se permitir estar, é dar chance para conhecer e para amar. E se não rolar, ok, termina! Precisamos exercitar o coração em um abre e fecha constante até para confiarmos que quando não fizer mais sentido, pularemos fora, e sobreviveremos.
A gente sempre sobrevive! Se não o peso do namoro fica tão grande que parece que para experimentar amar precisamos abrir mão da vida, de amar a nós mesmos, de toda liberdade, e na real, se fosse isso mesmo, nem eu gostaria disso.
A leveza nesse movimento de experimentar amar alguém não está apenas nas mãos do outro, está na comunicação, na disposição, e na colocação de limites saudáveis. A leveza depende de uma partezinha muito sagrada dessa história, que é a gente sempre poder se amar incondicionalmente enquanto experimenta amar um outro alguém, e isso tem que valer para sempre, seja com quem for, sob qual combinado ou contrato.
Que delícia é experimentar amar, alguém novo ou aquela mesma pessoa que a gente vem amando e curtindo amar há tantos anos. Namorar é experimentar amar!
Divirta-se!
Fabi Guntovitch para a Revista MS
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Universo feminino
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