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Natal de Abacaxi

Todo Natal é a mesma coisa: pessoas gastando um dinheiro que não têm, para dar o que ninguém quer, para quem não precisa. Tem também aqueles que se declaram de forma icônica para os consagrados amigos de pouca ou longa data, de pequena ou enorme importância, mas obviamente necessários para esta data tão especial, que é o nascimento de Cristo, nosso salvador.

Há também os que se lembram nesta data que Jesus existe e, mesmo que se esqueçam durante todo o ano de infinitas maldades cotidianas, ainda são capazes de dizer palavras bonitas ou de enviar alguns restos de ceia para o porteiro humilde que sempre os cumprimenta, mas que nunca recebe um obrigado genuíno (a não ser, é obvio, na ceia de Natal)…

Há os que brigam com a família o ano todo, mas na noite de natal, quase por um reflexo viciante, daqueles que não se consegue deixar escapar, fogem para aninhar-se ao ninho repleto de outros abutres chatos e cafonas, mas necessários para o sustento da fé e das fotos familiares tradicionais em um evento caricato e essencialmente desforme para os dias urgentes que vivemos.

Não se pode tocar em assunto de política, ainda que desejem a morte de algum político corrupto, seja ele de extrema direita ou de extrema esquerda, é de extremo mau gosto desejar mal a qualquer ser, afinal no dia de Natal (e no seguinte a este) desejar mal é um pecado imperdoável! E se você não é religioso, também não importa. Não importa de onde veio, para onde vai ou o que vai fazer depois daqui. Não importa realmente se você é praticante de rinha de pitbulls, violador de criança ou um assassino cruel. Hoje é dia de Natal, então você receberá seu indulto de natal.

E Natal é época de amor e caridade. Natal é vermelho e tem Papai Noel. Natal tem árvore decorada, neve, trenó e renas que voam. E no Natal todos se tornam pessoas melhores… será?

Na dúvida, vou rezar para acabar logo esse Natal de Abacaxi que a cada ano se torna mais ácido e com menos calda. Vou também pedir ao Pai para os perdoarem mais uma vez, pois obviamente eles não sabem o que fazem. E, por último, vou oferecer ao menino Jesus minhas mais sinceras desculpas por não conseguir amar o próximo mais distante como deveria, apenas os “próximos bem próximos” ou os próximos com patas, penas e caudas.

Feliz Natal!!!

By Cris Coelho

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