Natal é tempo de festa! De renovação dos votos familiares e laços de amizade. É tempo de amar e ser amado. Tempo de acreditar. É lindo. Emocionante…
Mas mais lindo ainda seria se os patrocínios por trás de toda a beleza natalina não fossem reflexo da busca desenfreada pelo poder financeiro, político e religioso. O poder de comandar o desejo de multidões, sejam eles desejos de ganhar presentes, desejos de acreditar nas histórias de mais de 2.000 anos ou simplesmente desejos de comer rabanada e peru de Natal…
Se Jesus nasceu mesmo no dia 25 de dezembro, bem perto do final do ano no calendário católico, nunca vamos ter certeza absoluta, mas podemos acreditar. Se Papai Noel existe mesmo em algum lugar do Polo Norte também nunca vamos saber, mas vamos imaginar que ele não existe. Isso porque somos todos adultos e, como adultos, pensamos livremente com a nossa cabeça patrocinada pelas diferentes indústrias.
Se eu gosto de Natal? Claro que não. Mas não porque não acredito na força do amor. Acredito (e muito!). Acredito até mais que muitos católicos fervorosos e racistas, pois acredito em toda e qualquer forma de amor, independente do sexo, idade ou condição social.
Mas acredito no amor o ano inteiro e de forma espontânea e descompromissada de datas e eventos. Acredito em “Natal sem Patrocínio” porque não existe dia para boas ações, assim como não existe dia para ligar para alguém importante na sua vida e dizer que você se lembra dele. Só que o ser humano é por essência desorganizado e complicado. Ele precisa de marcações e responsabilidades. Precisa de calendário para separar o momento de parar e agradecer. O ser humano precisa de rituais. E é isso que ganhamos ao acreditar na história de que Jesus nasceu mesmo nesse dia (mesmo já tendo sido levantada a hipótese de que ele teria nascido em outra data). É isso que ganhamos ao celebrar o Natal com um pinheiro gigante no meio da nossa sala e milhões de presentes para (até mesmo!) quem repetiu de ano: ganhamos o presente de um ritual. Não importa se a Coca-Cola ou a Igreja Católica ganhem qualquer tipo de poder nessa época nos fazendo crer que esses símbolos, reais ou hipotéticos, são importantes. Importa que eles nos remetem a algo realmente substancial: a nossa fé. A fé nas pessoas que nos são importantes.
E é por isso, que mesmo não gostando de “datas marcadas” me rendo aos encantos natalinos e em prosa e verso recorro ao tradicional “Feliz Natal”… sempre com muito amor, peru e rabanada.
Fui! (esperar ansiosa o meu presente, porque Natal sem presente não rola!!!!)