Por tanto tempo percorri caminhos sinuosos, acreditando que chegaria ao topo sem tanto esforço e com o mérito do prazer de percorrer estradas calcadas em abismos profundos e horizontes perdidos. Só andei em círculos desde
então, sem me dar conta de que mais importante do que o local de chegada está o caminho em si, com suas estradas de terra batida, lisas e planas, ou com suas rochas pontudas e macerantes, que se abrem em um universo de possibilidades de encontros e reencontros, de ventos oportunos ou temporais impróprios, e finalmente de "vida vivida".
O descanso de um dia inteiro de lutas e buscas só é realmente válido se for motivo de reserva para o dia seguinte, para a continuação do labor, seja ele bom ou ruim. Da mesma forma, o nosso caminhar só é válido se for curtido durante o tempo em que estamos caminhando. Parar e retroceder também é igualmente válido para o sucesso do percurso.
Assim como reafirmar o caminho a seguir ou mudar de direção é apenas uma parte do caminhar. A parte em que temos que escolher. E a escolha é nossa, só nossa.
A escolha de entregar-nos, não a esse caminho, mas a essa caminhada, que se chama "nossa vida". Porque a qualidade do caminho que escolhemos não depende de nós, mas o nosso caminhar seja em qual caminho for, esse sim depende inteiramente e unicamente de nós mesmos.
Voltando aos caminhos sinuosos antes pe
rcorridos, agora escolho caminhos mais retos e seguros, sem entretanto, ter certeza alguma de que conseguirei ser mais feliz desta forma. Apenas estou optando por andar com mais calma e com menos aventuras, um pouco mais longe dos precipícios e com mais sombras no percurso...
Fui! (aproveitar para comprar um sapatinho novo, agora sem salto alto porque minha coluna também está cansadinha...)