Feito de giz está o esboço do pobre moço, aquele que se perdeu no seu olhar para o Mundo. Se despediu da alegria cotidiana e entregou a quem interessasse seu destino e suas opções. Mudou o discurso contraditório e fez valer a rigidez cinza dos moralistas de plantão. É mais uma cria da vida medíocre que engole os sonhos de quem se atreve a querer.
O palhaço da vida se esquivou do abismo da sorte e foi buscar abrigo no colo da mesmice, aquele que consagra os tolos e esconde o brilho dos diversos. Se foi para sempre quando entendeu a indecência que é a vida próspera e sagaz, quando viu o feio nos olhos azuis do bom moço e quando encarou a triste verdade que é a censura aprovada e replicada.
O palhaço deixou a vida livre para se esconder dentro de um alguém apático, de um alguém que quer o mesmo que todos, que nem sabe o que quer e que de nada tem certeza. É ele, um ser mutilado, o desvalido indecente que se escondeu da vida que não lhe pertencia.
O palhaço se foi, mas antes, abençoou o injustiçado, beijou o inocente e perdoou seus governantes. Caminhou por horas a fio até a bota preta desgastar, até seus pés racharem, até cair. Nessa hora, olhou para o céu azul e pediu que um sinal viesse em seu auxílio. Foi quando apareceu um menino negro com olhos enormes e sorriso largo. Estava entregue a resposta que tanto buscava... a esperança que viu refletida no rosto de um qualquer, que poderia nunca chegar a lugar algum, mas que jamais deixaria de sorrir.
O pobre palhaço conseguiu perdoar a si próprio pela descrença na sua alegria e seguiu adiante sorrindo para o Mundo que lhe proibiu de acreditar...
Fui! (Consagrar aquele que me faz sorrir...)