Há exatos onze anos, uma questão na prova do Exame Nacional do Ensino Médio o ENEM, gerou um jorro de comentários, discursos inflamados, posicionamentos de diversos especialistas… etc. Em tempos atuais vivemos uma verdadeira neurose, este distúrbio psicológico ou comportamental em que a ansiedade se evidencia como uma característica principal. Mas acaba revelando fobias e outras perturbações. A preocupação de não ofender acaba afetando tudo em nosso entorno. Uma autocensura de escolher uma palavra ou um termo para não ofender. Tal preocupação, ao menos para mim, acaba gerando um nervosismo que evidencia tensão e irritabilidade.
Um contexto ofensivo para alguns causa um desconforto e é com esta febre, mania do “politicamente correto”, que necessito desabafar não é nossa ao menos culturalmente, não é nossa. A nossa cultura e costumes são outros. E esta causando uma culpa desnecessária a alguns e o contexto “ofensivo” surge degringolando qualquer relação. A partir deste momento as ideias travam, os grilhões surgem e não me ocorre palavras para substituir aquelas que gostaria de usar. Gosto de usar palavras pelo valor que elas têm. O seu significado antecede valores individuais. Luto com avidez e incansavelmente para conseguirmos ao menos, amenizar esta tendência que nos assola.
Bem, dito tomemos como destino o rumo correto da principal e de importância deste texto: O Movimento LGBTQIA+
O que é evidente e não deixa dúvida que como todo e qualquer movimento civil, social, este também é composto por uma gama. Esta massa igual a um milionésimo de um grama. Ao menos para aqueles assumidos, aqueles que não conseguem se camuflar.
Não contabilizando aquelas centenas de milhares que se exibem uma vez ao ano em paradas do orgulho espalhadas, hoje por todos os cantos de nosso planeta. Este Movimento não é centralizado e único nos mais diversos núcleos ao redor do mundo. Existem centenas de organizações não governamentais que atuam nesse sentido e apesar de que em sua maioria não dialogam entre si, oferece apoio para esta parcela segregada da sociedade.
Cerca de setenta países, ainda, consideram uma pessoa LGBTQIA+ criminosa. Traduzindo – é crime ser LGBTQIA+ em setenta países. Treze destes países punem com a pena de morte. Claro que aqui em terras brasilis, a pena de morte por lei não existe, porém chega disfarçada e vem de formas variadas. Em uma sequência de modificações que se aprimoram e podem ser observadas a olho nu. Garantindo a vocês às vezes sentindo na pele. A inconstância de princípios de nosso sistema não nos permite a mudança de comportamento e hábitos. Estão sempre enfrentando ondas de preconceito e ódio, não tenho a solução ou um paliativo, mas acredito que se aumentar a representatividade de pessoas LGBTQIA+ em todos os setores da sociedade, aumentar também o ativismo político, o respeito, direitos e começarmos a disseminar informações verdadeiras e honestas com exemplos simples e práticos…Este combate será fortalecido e os enfrentamentos diários por esses grupos tendem a diminuir.
O que até os anos oitenta era GLS, na década de 90 ganhou força e evoluiu com a inclusão de outras orientações sexuais e identidade de gênero.
A Aliança Nacional LGBTQIA+ elaborou um manual e explica uma por uma as letras no Manual de Comunicação LGBTQIA+. No mundo existem algumas correntes que defendem uma sigla ainda mais completa LGBTQQICAAPF2K+ – – Lésbicas, Gays, Bissexuais, transgêneros, Queer, Questionando, Intersexuais, Curioso, Assexuais, Aliados, Pansexuais, Polissexuais, Familiares, 2- espíritos e Kink – …É mole ou quer mais?
Para exemplificar o grau de “diversidade” no mundo tem uma pessoa de 32 anos, Caro Gero, na Argentina que conseguiu junto a justiça de seu pais, o direito de ter em sua certidão de nascimento e demais documentos a alteração para não incluir o gênero. O que está escrito em seus documentos no espaço dedicado ao gênero? Sexo Indefinido.
Complicado? Complexo? Pode ser considerado sob vários aspectos e pontos de vistas.
Envolve relações de coerência duvidosa. Ainda que você não se identifique com nenhuma dessas letras ou situações, não adianta ignorar, o mundo gira, é redondo e o sol ainda é o centro do universo. Por tanto: Existe sim. O mundo está a pleno vapor sujeito a mudanças, adequações, as engrenagens funcionando, taxímetro rodando… É necessário estudar, tentar entender, prestar a atenção… eu disse “tentar” entender do assunto é um bom começo. Não disse que seria de fácil compreensão e absorção o buraco é muito lá em cima. Valido é sempre perguntar. Quando houver a dúvida, não desviei da situação ou comente com alguém ao seu lado… Não tente ser engraçado… Fazer piada é burrice. Para não dizer canalhice. É ser vil. Pergunte, tire a dúvida, esclareça. Evite constranger ou ser constrangido.
Vale esclarecer o significado de cada letra deste conglomerado que se tornou massa solida e veio para ficar e porque não complicar.
Lésbica é Lésbica. Gay é, e continua sendo Gay. Bissexual, idem.
Transgênero – Aqui merece uma ressalva, porém é de fácil compreensão: O “T” não se refere a uma orientação sexual. É identidade de gênero. Uma pessoa Trans pode ser transgênero homem ou mulher. E este “T” também é para Travesti.
Queer – São aquelas pessoas que transitam entre noções de gênero. A teoria Queer defende que a orientação sexual e identidade de gênero não são resultado da funcionalidade biológica, mas sim de uma construção social. Entendeu? O boy ou a mina podem simplesmente ser mina e se vestir de boy e vice-versa. E continuar sendo uma mina e um boy.
Intersexo – Essas pessoas estão entre o feminino e o masculino. As combinações biológicas e desenvolvimento corporal. Para simplificar – O que antes era chamado de hermafrodita.
Assexual – Não sentem atração sexual por outra pessoa, independente do gênero. Não curtem sexo.
+ Este símbolo no final da sigla surge para incluir outras identidades de gênero e orientações sexuais que não se encaixam no padrão e não aparecem em destaque antes de todas aquelas letras e ou símbolo, como queira.
Não somos obrigados a aceitar. Porém respeitar sim. Uma coisa muito fácil de fazer, resolver e vencer. Uma sopa.
Jogê Pinheiro para a coluna Espartilho Trans
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