Durante a estrada de terra batida, aprendi a desviar dos obstáculos que insistiam em invadir meu espaço sagrado, dominei o mal que havia dentro de mim e ignorei os avisos para manter-me segura, pois sabia que durante todo esse tempo eu estava protegida por esse algo maior que não vejo, mas que determina quando o caminho começa e quando finda.
Durante o percurso senti sede de ser amada e fome de ser cortejada; envolvi-me em vários conflitos que poderia ter evitado e não resisti à vaidade de ser jogada aos lobos e dançar nua diante do precipício da minha moralidade mais vil… tentei vestir as roupas apropriadas para os eventos que eles me convidavam, mas esperava o momento de poder ir embora, para isolar-me dentro do meu eu em busca de um pouco de conforto e paz. Queria entreter-me com o som agudo da minha própria voz sem precisar explicar para onde estava indo e o que me fazia mais feliz.
Era eu, em uma versão mais produtiva, que se encontrava à noite com o prazer do meu próprio corpo flamejante de prazer, em todas as vezes em que recorria à memória daqueles que me obrigavam a ser mais que minhas próprias ambições e menos que meus sonhos. E, por vezes, esquecia do meu verdadeiro propósito em busca de um algo a mais, cheio de novidades encantadoras e igualmente decepcionantes depois de consumidas.
Voltei anos depois ao ponto de encontro que havia marcado com um eu mais antigo e descobri várias partes do meu projeto de vida espalhadas nos rastros do rumo que tomei. Decidi recolhê-las para entregar a um outro alguém, um que tenha mais a ganhar com suas promessas, e vislumbrei um pouco mais de mim, nas sombras dos meus eus escondidas em vários outros que caminhavam ao meu lado durante todo esse tempo…
Fui! (Continuar…)