Crônica: “O Sexo dos Anjos”
Vou nascer daqui a 5 meses e já escuto as discussões sobre o que serei. Vou ser humano e, se tiver sorte, terei saúde e felicidade. Também vou ser classificado com um monte de nomes de códigos que utilizam na sociedade de vocês.
Soube que existe uma discussão recente sobre uma questão chamada “identidade de gênero”. Entendi que eu posso nascer com um corpo e me identificar com outro. Entendi que posso trocar de ideia e mudar no começo ou no meio do caminho. Mas, talvez, eu não precise nem trocar nada porque a sociedade está caminhando para eliminar todos os códigos que formam o mundo do feminino e o mundo do masculino.
É legal pensar que eu, mesmo humano, continuarei a não ter um sexo definido. É legal poder andar com pernas e órgãos humanos e continuar a me sentir anjo! Mas, quando penso que o mundo em que vou viver não é o céu que estou acostumado, fico com medo ao pensar que não vou ser “classificado”…
Então, peço aos meus pais, não ao mundo, não à sociedade, mas aos meus pais: “Por favor, me deixem ser o que eu tiver que ser. E, se depois eu mudar de ideia sobre quem eu sou, me deixem mudar e passar por todo o sofrimento natural que uma mudança exige. Não me tirem o meu carma, porque certamente eu buscarei outras formas de vivenciar os meus dramas. Afinal, se eu vim de uma forma não-adequada ao que pede a minha alma, algum motivo existe. Provavelmente eu tenho que passar por alguns obstáculos e tenho que crescer com eles…
Ainda não sei qual será o meu sexo, quais serão as minhas opções e orientações sexuais; não sei com qual classificação me identificarei, mas sei que nada refletirá o que eu realmente sou se eu não tiver opções para escolher.
E para escolher preciso experimentar algum deles primeiro…
Fui! (amar o meu feminino e o meu masculino e encontrar o que melhor me define…)