Hoje vejo pais que não se parecem com os pais de antigamente… eles se parecem com irmãos, professores, avôs e, muitas vezes, se parecem muito mais com mães do que com pais!
São eles, os pais modernos, que aplaudem o sucesso do filho bailarino, que não se envergonham do filho homossexual, ou transexual, ou “multisexual”… esses pais andam lado a lado com os filhos excepcionais, descobrindo a maravilha que é pertencer ao mundo deles.
Eles são os pais que adotam crianças que nada têm a ver com a sua genética clara e fina, e que, ainda assim, conseguem enxergar a mais perfeita semelhança entre as espécies, ao olhar no fundo dos seus olhos.
São os pais modernos que não têm medo de assumir tarefas femininas só para poder participar ativamente do universo dos “seus”; são eles que buscam os filhos no mundo das drogas, que os retiram dele, e que, às vezes, morrem um pouquinho a cada dia com eles…
São os pais que adoecem junto com seus filhos, que sofrem a dor deles sem poderem se deitar nas suas camas, que enxugam as lágrimas e que vão à luta todos os dias, mesmo não querendo, mesmo quase não conseguindo, mesmo não suportando, mas ainda assim, vão.
São para esses pais, para os que são pais em hora integral, ou em hora em que lhes é possível ou permitido ser; para os pais que não são perfeitos, mas que são possíveis e reais; para aqueles pais que abrem um sorriso largo e profundo quando falam dos seus filhos; para os pais que sentem orgulho e os que não conseguem se orgulhar, mas ainda assim tentam; e, por fim, para os pais que já não estão mais aqui entre nós para receberem sua merecida homenagem: para todos vocês, que são pais de verdade, os meus aplausos. E para todos os outros que não são: vocês não sabem o que estão perdendo…
Fui! (agradecer…)
(crônica originalmente publicada em 2015 em Mariascarlet.com )