Quando era criança pensava que podia fazer o que quisesse; pensava que ia dominar o mundo, sem saber que “Ele” me engoliria em questão de segundos… pensava que podia, que seria eu contra todos os maus, aqueles que me acusavam e me irritavam. Pensava que eu era inteira luz, cercada de anjos bons que só me aconselhavam a seguir pelo melhor caminho possível.
Não sabia que eu também era escuridão e que os caminhos errados que tomaria seriam guiados pela minha própria voz interior, uma voz poderosa que dizia sempre que a melhor alternativa era a mais distante, a mais cara e a que se vestia melhor…
Pensava que podia encontrar razão nas notas desafinadas da melodia que eu mesma havia composto, mesmo sem ter certeza de como orquestrar essa sinfonia cheia de agudos e graves que é a vida da gente, com altos e baixos, com encontros e despedidas…
Fui eu quem escolheu as cores cinzas do cotidiano que envolve meus sonhos não realizados e minhas frustrações adormecidas, mas fui eu também quem resolveu perdoar o maestro e quem pediu licença ao tempo para desenhar outra história, uma mais cheia de cores e mais possível de se viver nesse mundo, que não é meu, mas que é onde ainda habita essa criança que um dia pensou que podia…
Fui! (Pensar que eu posso…)