Pequenas são as partículas que vêm e que se vão em um turbilhão de pensamentos inconstantes que tenho sobre meu passado e as incertezas sobre o meu futuro, pois se hoje sou mais madura e consciente do que quero, também sou infinitamente mais pessimista sobre as oportunidades que me levariam mais longe ou as verdades que me fariam mais alegre.
Encontro razão nas partículas pesadas que insistem em chamar minha atenção, assim como minha alma complexa e machucada por anos de incompreensão e carência. Ao olhar para o lado, vejo as partículas leves e descontraídas do meu vizinho, que seguem seu caminho rumo ao universo de todas as partículas agregadoras e lindamente homogêneas, mas, realmente, não me vejo dentro deste conjunto de boas intenções, pois a cadência das minhas músicas vibram sempre em uma frequência mais alta e irregular…
Aproveito para deliciar-me com as belezas infames que ofuscam minha visão sobre a vida cotidiana, tornando-a turva e nebulosa, e que invadem meu mundo de uma forma mais dolorida que a dos meus amigos, que possuem uma visão um pouco mais superficial e leve da atmosfera que nos envolve.
Saúdo, enfim, as partículas maiores e peço licença para admirar as pequenas complexas, que se acumulam na vasta área de lazer da minha ignorância sobre o tempo, a vida e seus milhões de derivados. Ocupo-me de mim em um instante de certezas, onde projeto meu futuro exatamente da forma que imaginei há muitos anos, sem nenhuma partícula cinza e todas com um tom bem mais alto que o do meu vizinho rabugento…
Fui! (Reunir minhas partículas pequenas, pesadas e únicas…)