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Planeta Google

Recentemente me propus a aprimorar meus estudos em um curso de Marketing Digital Avançado, para poder, dentre outras razões, sobreviver intelectualmente no mundo super competitivo em que nossa tecnologia evolui, em contraponto com à nossa capacidade de absorção e assimilação.


Para entrar no curso, tive que fazer algumas provas e entregar três certificados do Google, comprovando minha expertise na gestão das ferramentas “Goolgonianas”. Um dos certificados, o da Rede de Pesquisas, eu já tinha há um ano e, na época, fazer esta prova me tirou algumas horas sagradas de descanso, mas me elevou à uma outra categoria: a de que eu era entendedora das estratégias necessárias para a vida no Planeta Google.

Agora me deparo com o desafio de passar no certificado de Rede de Display e depois no certificado de Google Analitycs, nesta ou em outra ordem. Passarei pelas duas provas, com certeza, mas me preocupa a percepção que tive, ao ser reprovada pela terceira vez consecutiva no teste que exige um mínimo de 80% de acertos e, para os quais entreguei míseros 75%, 77% e agora, 79%. Esta percepção é a de que estamos presos a um sistema de métricas a respeito de tudo que buscamos e isso é realmente impressionante: nos esforçamos para aprender a lógica que está por trás dos serviços que consumimos e no qual somos, invariavelmente, os próprios insumos e o próprio produto final.


A constatação de que nós retroalimentamos um sistema de venda de serviços cada vez mais complexo e cada vez mais elaborado me fez analisar meu mais profundo sentimento por este ser de várias cores, que se diz empático e democrático, que nos guia por seu universo digital atrás de respostas para perguntas que ainda não formulamos e que nos qualifica de acordo com o entendimento sobre seu detalhado sistema, e esse sentimento tangencia minha prostração e falta de entusiasmo.


A conclusão que chego é a de que o sentido de liberdade está cada vez mais distante da utopia poética que tinha, de que seria livre para escrever, falar ou ser o que eu quisesse, se pudesse contornar o sistema, se pudesse, ao menos, dizer que não quero aprender suas métricas para assim tornar-me culta no campo do conhecimento moderno. Mas não seria de fato culta se não falasse o idioma da nova era, aquela que deixou de se chamar tecnológica ou digital para se tornar a era dos Googles e suas derivações passageiras com modismos sociais em interfaces que buscam absorver o que os robôs, em seus lances automáticos e propostas com display inteligentes permitem que seja reaproveitado e reciclado…

Enquanto isso, continuo me esforçando para dominar a arte da lógica dos leilões e seus infinitos recursos, para iludir-nos em sua mágica comercial onde tudo está a um passo, ou melhor, “a um clique” de distância.


Que o Deus Google me ajude a cumprir com minha meta de aprendizado em seu universo cheio de cores e crenças, enquanto eles permitirem e enquanto meu cérebro consegue acompanhar esta evolução…


Cris Coelho para Coluna Sociedade

Encontre-a no Instagram: @crisreiscoelho

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