“A voz do empoderamento feminino no seu melhor tom.”
Priscila Lobo. O que falar sobre Priscila Lobo? É um desafio descrever em palavras essa mulher incrível, que conjuga as vozes de todas as mulheres que pretendemos retratar na Maria Scarlet.
Ela é uma mulher com um brilho extraordinário, com uma beleza marcante e com uma voz doce, que contrasta levemente com sua força arrebatadora, como ela mesma descreve, a “correnteza do Rio Amazonas”.
Conheci Priscila no dia da gravação da entrevista. Ela entrou no restaurante Coltivi com seus cabelos curtos platinados e um vestido amarelo longo que ajudava a ressaltar ainda mais seu tom de pele luminoso.
Discreta, ela abriu um sorriso enorme ao se apresentar e seguiu, calma e serena, para a maquiagem. Pediu para substituir o tom vermelho fechado do batom que fora escolhido pela maquiadora por um tom mais claro, algo que combinasse mais com seu estilo. E claro, sempre com a elegância típica que lhe é peculiar.
Quando pronta, sentou-se na cadeira e, com um olhar que parecia nos hipnotizar começou a falar de forma certeira tudo aquilo que eu me minha sócia queríamos dizer e ainda não havíamos conseguido traduzir com tamanha perfeição.
O que posso dizer de Priscila Lobo é que ela é uma dessas mulheres pela qual nos apaixonamos. Ela é exemplo de força e de vida. Ela quebra as barreiras do português básico e do discurso sem reflexão; é uma mulher que nos estimula a pensar fora da caixa conveniente para a qual caminhamos sem pensar.
Ela toca no infinito particular da alma de cada uma, fazendo despertar nossos sentidos mais básicos de empatia e acolhimento.
Parece uma daquelas deusas da natureza na forma de uma mulher, como se reunisse em si todos os quatro elementos e, de quebra, ainda trouxesse um quinto elemento oculto…
Priscila Lobo tem uma energia solar, que abraça todos que têm a oportunidade de sentir seu sorriso, seu olhar e suas sábias palavras, entoadas por sua voz com tom doce e gentil.
Ficaram curiosas? Então aproveitem um pouquinho dela, nessa entrevista exclusiva para a Maria Scarlet:
MS – Quem é a Priscila Lobo?
A Priscila Lobo é mãe, mãe do Pedro. É uma mulher leonina, forte. Forte como as águas do Rio Amazonas. Ela é… é uma mulher heroína. Que vence, que vive. Na verdade, ela mais “vive” do que vence… Eu acredito nas pessoas que vivem, não nas que vencem. A vida é para ser vivida, não para ser vencida. Eu acredito na equidade de gênero, Acredito na voz das mulheres, acredito no coletivo. Eu acredito em nós juntas. Eu acredito na força de nós juntas. Eu acredito na transformação que podemos fazer juntas. Eu acredito na nossa voz. E acredito que a gente não pode mais ter medo.
“…a vida é para ser vivida e não vencida.”
MS – Você já passou por algum tipo de abuso?
Sim, eu vivi a violência doméstica durante muitos anos da minha vida, no meu primeiro casamento. E junto com isso alguns abusos… abuso psicológico e abuso físico.
Depois de um tempo você acaba descobrindo que certos tipos de atitudes são abusos. Quando você “sai” daquela vida, você se dá conta de que são abusos.
Quando você vive a violência doméstica você não consegue pedir ajuda, porque você tem medo. Você não deixa ninguém se aproximar de você, nem mesmo a sua família, e acaba escondendo isso de todo mundo. E você tenta se libertar sozinha daquilo…
E do mesmo jeito que você entra, você acredita que você vai sair disso. E assim foi comigo. Do jeito que eu entrei, eu saí disso.
E talvez aqui na Revista Maria Scarlet seja um canal ideal para falarmos sobre isso. E todas as mulheres que já passaram por isso ou que estão passando agora por esta situação sabem do que estou falando.
Você, mulher, sabe a sua força, sabe o seu limite. Todo mundo sabe o seu limite.
Eu cheguei no meu limite; eu soube qual era o meu limite, o limite de sair daquela vida, de sair daquele lugar e saí.
Vivi. Não “sobrevivi”; eu vivi aquilo. Não superei, eu vivi. Eu não acredito em superação, eu não sou uma vítima.
Eu escolhi estar ali. Eu escolhi estar ali e escolhi sair dali.
MS – Como você enxerga o papel da mulher na sociedade?
A gente está tão junta, né? Estamos tão unidas… as redes sociais nos uniram tanto!
É uma mulherada toda junta, de todos os Estados, de países diferentes, de cores diferentes, de gêneros diferentes.
Todo mundo falando sobre política, todo mundo falando sobre a mesma coisa, lutando pela mesma coisa; indo para a rede falar sobre assédio, falar sobre as dores, falar sobre conquista… e uma comemorando com a outra, sabe?
E uma lutando pela outra. E uma vestindo a mesma dor da outra. E isso é tão maravilhoso, tão encorajador…
E esse é o nosso momento, é assim que eu vejo o nosso momento. Um momento de fé. É um momento engrandecedor. Eu acho que é um momento de voz. A gente está sendo vista, está sendo ouvida.
E é o que eu falo sempre: tudo que a gente quer é um carinho e ser vista, né? A gente só quer um colo e ser vista. Tipo, “eu te vejo”… “EU TE VEJO”.
E eu acho que a gente está sendo vista neste momento e isso é muito rico.
MS – Você se considera feminista?
Muito. Sim, eu sou feminista. Somos todos iguais e eu acho que todo mundo deveria ser feminista, né?
As meninas para poderem crescer como meninas; e os meninos também deveriam ser feministas, sabe? Todo mundo.
Para que os meninos também não cresçam como os homens de antigamente, para que os meninos sejam meninos de verdade.
MS – O que é a vida para você?
A vida para mim é tudo. A vida é o maior presente da vida…
É a maior alegria; é como se fosse um bibelô. Sabe aquele copo de cristal que você tem na prateleira e você não deixa ninguém tocar, ninguém mexer, ninguém pegar? E que só você pode usar?
A vida é rara, a vida é sua.
Ela foi te dada para você cuidar dela.
A vida é sua para você cuidar só dela.
Ela é tão preciosa para cada um…
Ah! Se as pessoas soubessem realmente o valor da vida…
MS – Qual mensagem você gostaria de passar para o mundo?
Para as mulheres. Mensagem para as mulheres.
Primeiro: se amem, “se olhem”. Antes de quererem que o mundo as olhem, que cada uma se olhe de verdade.
Como mulher. Que nasceu de outra mulher, e que veio de outra mulher e de outra mulher… Somos gerações de mulheres. Nós viemos da “Mãe terra”, então é esse lugar que devemos honrar.
Então se honre, de verdade.
Vocês não estão sozinhas.
Nós não estamos sozinhas.
Eu não estou sozinha.
Um beijo!
Priscila Lobo
@priscilalobo