Minha casa ardeu de dor e desmoronou ali, bem na sua frente. Enquanto você priorizava as futilidades da sua vida, era eu quem estava ali, esquecida e envolta em várias dívidas. Você não se lembrou de mim, não cuidou do patrimônio que era seu e do mundo todo. Não me deu valor; não me deu recursos para que eu continuasse a viver plena, como costumava ser nos tempos áureos da minha vida próspera. Você se esqueceu de mim e das alegrias que eu poderia continuar a dar, sempre que você fosse me visitar. Não te pedi luxo nem nada em especial. Pedi apenas que você me respeitasse, para que assim eu pudesse continuar a entregar meu amor na forma de recordações insubstituíveis. Queria poder dizer que ainda estou aqui, mas minha alma, por mais que tente, jamais conseguirá sobreviver ao inferno que destruiu meu corpo. Eu jamais sobreviverei a você e sua corrupção sem limites. Eu estou morta, virei cinzas depois do incêndio que destruiu cada parte do meu corpo. Mas meu povo, aquele que me amava, continuará de pé, pronto para reconstruir a casa que um dia foi minha. Pronto para refazer o caminho que um dia foi trilhado por seus ancestrais. Pronto para defender a memória do que é deles, e não seu. Fui! (Construir uma nova história…)
*Em Luto pela morte do Museu Histórico Nacional