O que é estresse?
Todos nós experimentamos estresse em nossas vidas, embora possamos usar diferentes exemplos para descrevê-lo. Você pode associar o estresse a um trânsito intenso, uma doença preocupante ou uma discussão com seu parceiro. Se você fosse um médico, no entanto, você rotularia essas definições como exemplos de eventos e circunstâncias estressantes. Mais especificamente, você definiria o estresse como uma resposta física automática a tais eventos, ou mesmo a qualquer circunstância que exija adaptação à mudança.
Se o estresse específico que você está enfrentando é um acidente, uma discussão difícil ou a perspectiva de uma cirurgia dolorosa, cada ameaça potencial ou real desencadeia uma cascata de hormônios do estresse que produzem mudanças fisiológicas bem orquestradas.
As sensações lhe são conhecidas: o coração dispara, os músculos ficam tensos e a respiração acelera. Mas exatamente como e por que essas reações ocorrem e quais efeitos elas podem ter quando repetidamente evocadas ao longo do tempo são questões que intrigam os pesquisadores há anos.
Walter B. Cannon, fisiologista da Harvard, foi um pioneiro na exploração da bioquímica do estresse. Há um século, sua pesquisa o convenceu de que o medo não estava apenas na mente, mas também envolvia uma resposta física (você pode saber mais detalhes sobre essa pesquisa no e-book disponível no final deste conteúdo).
Um olhar sobre a resposta ao estresse
Desde então, os cientistas aprenderam muito mais sobre a reação do corpo ao estresse. Ela envolve o cérebro, o sistema nervoso autônomo e uma cascata de hormônios e outras substâncias que regem as funções involuntárias do corpo, como a respiração, a pressão arterial e os batimentos cardíacos. Enfim, é uma relação complicada, mas que vale a pena compreender.
Sua resposta às ameaças começa no tálamo, uma parte do cérebro que recebe e processa informações dos sentidos. Instantaneamente, seu tálamo alerta o centro do medo no cérebro, a amígdala e outros centros emocionais do cérebro, que enviam sinais para o córtex motor.
A partir daí, a mensagem para responder acelera as vias nervosas para os músculos, que ficam tensos, preparando-se para ações. Outro sinal da amígdala vai para o hipotálamo, uma parte do cérebro situada acima do tronco cerebral. O hipotálamo, por sua vez, transmite o alerta para a glândula pituitária próxima, que envia um mensageiro químico pela corrente sanguínea para as glândulas suprarrenais, localizadas acima dos rins.
Adrenalina, noradrenalina e cortisol
Em resposta, essas glândulas secretam uma série de hormônios do estresse, incluindo a epinefrina, comumente conhecida como adrenalina, que ajuda a acelerar seu corpo. As glândulas adrenais também liberam um segundo hormônio do estresse, chamado norepinefrina ou noradrenalina.
Outros pesquisadores acrescentaram uma terceira descoberta – o hormônio cortisol. Quando você se depara com uma situação estressante, todos os três começam a percorrer sua corrente sanguínea, produzindo uma ampla gama de respostas fisiológicas.
A resposta ao estresse
Essa onda de hormônios prepara seu corpo para reagir à ameaça iminente. No caso de um perigo físico imediato, como o aparecimento súbito de um animal selvagem, você responde preparando-se para defender sua posição e lutar, ou então, fugindo para um local seguro.
Sua respiração acelera à medida que seu corpo absorve oxigênio extra para ajudar a alimentar seus músculos. Da mesma forma, a glicose e as gorduras, que aumentam a energia, são liberadas dos locais de armazenamento na corrente sanguínea. Sentidos aguçados, como visão e audição, deixam você mais alerta.
Seu coração bate – duas a três vezes mais rápido que o normal – e sua pressão sanguínea aumenta. Certos vasos sanguíneos se contraem, o que ajuda a direcionar o fluxo sanguíneo para os músculos e o cérebro.
As células do sangue (plaquetas) tornam-se mais pegajosas, de modo que os coágulos podem se formar mais facilmente para minimizar o sangramento de possíveis lesões. A atividade do sistema imune aumenta, antevendo uma possível necessidade de precisar combater a infecção de feridas. Seus músculos – mesmo os minúsculos músculos de arrepiar os cabelos sob a pele – se contraem, preparando você para entrar em ação.
Os sistemas do corpo que não são necessários para a emergência imediata são suprimidos para concentrar a energia onde ela é necessária. O estômago e os intestinos retrocedem em suas operações. A excitação sexual diminui. A reparação e o crescimento dos tecidos do corpo diminui.
O lado positivo (estresse de curto prazo) e o negativo (estresse crônico)
Nem todo estresse é ruim. Como você pode perceber, a resposta ao estresse pode ser extremamente útil em tempos de perigo físico ou quando você tem uma tarefa urgente a cumprir, e essa condição está associada ao estresse de curto prazo.
Quando seu corpo experimenta repetidamente a resposta ao estresse, ou quando a excitação após um trauma terrível nunca é totalmente desligada, a resposta ao estresse do seu corpo pode ser descrita como mal-adaptativa ou insalubre. Nessa situação, a resposta ao estresse entra em ação mais cedo ou com mais frequência do que o normal, sobrecarregando o seu corpo, questão relacionada ao estresse crônico. Isso pode levar a problemas de saúde preocupantes. Um excelente exemplo é a pressão alta – um importante fator de risco para doença arterial coronariana.
Nivelando a balança: resiliência
É impossível evitar todas as fontes de estresse. Nossas vidas estão cheias de desafios físicos e psicológicos que nos impulsionam e que às vezes nos trazem recompensas satisfatórias. Mas enquanto você não pode selecionar as fontes de estresse, você pode aprender a percebê-las e lidar com elas de forma diferente. Você faz isso ao aprender como
reduzir o estresse e também desenvolver resiliência – sua capacidade de lidar e de se recuperar do estresse.
Matéria da Dra. Silvana Lins feita em parceria com a Essentia Pharma
Encontre-a no instagram: @drasilvanalins