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Romantize o Dia das Mães



Dia das Mães e eu tenho duas missões que cumprirei com dois artigos. A primeira, como não podia deixar de ser, tratarei sobre as delícias e loucuras da vida de uma mãe e que, como em um passe de mágica, parece… não acabar, mas ficar por suspensa, a parte complicada, todos os anos nesta data singular.


Já começo diferente: Romantizem o Dia das Mães. Nós merecemos.


Então vamos a este trabalho, que para mim, de verdade, não há nada de ruim, que é escrever sobre ser mãe no dia das mães. E por que não? Não é segredo para vocês e para mais ninguém, que eu amo ser mãe. Apesar de não ter programado nenhum dos meus filhos, me sinto orgulhosa em dizer que na vida eu tinha duas certezas: eu casaria e eu seria mãe. Sim, eu tinha esse sonho de princesa embalado e muito bem comercializado pelas propagandas de margarina. Podem me julgar.


E digo isso porque eu amo ser casada – aqui abro espaço para pedir perdão a meu marido, homem por quem eu me apaixonei aos oito anos e com quem me casei e sou feliz, – mas não importa com quem seja, eu gosto de ser casada, casarei quantas vezes a vida achar necessário – perdão outra vez, marido. E amo ser mãe.


“Apesar de não ter programado nenhum dos meus filhos, me sinto orgulhosa em dizer que na vida eu tinha duas certezas: eu casaria e eu seria mãe.”

Então como mãe e – obrigada vida, – mãe em versões diferentes, já explico. Posso dizer que é uma tarefa cheia de fé, força e renascimento. Ser mãe não é fácil, eu já falei tantas vezes aqui que tenho certeza de que vocês acreditam em mim. Mas muitas vezes eu trago o problema do ser mãe nos primeiros momentos, porque eu sei que teremos tempo e espaço para tudo. Então vamos explicar as minhas múltiplas versões.


Fui mãe aos vinte e um anos de uma menina que escolhi. Quase nunca falo sobre isso porque essa garota linda de sorte, tem meu sangue, pois é da minha família, e nasceu em um meio onde as mulheres se apoiam. Obrigada, família. Eu não engravidei, mas vivi a gestação da mãe como se fosse minha e quando ela nasceu, quando coloquei meus olhos naquela garota eu pensei: ela é minha. Foi como um encontro de almas e eu nunca tive qualquer dúvida de que ela era minha. Eduquei, ajudei de todas as formas, fui mãe, amiga, professora, orientadora, a que puxava a orelha, a que dava conselhos, a que exigia um comportamento melhor. Eu fui mãe de alma em minha primeira experiência como mãe.


Não me arrependo nem um segundo dessa filha. Hoje, ela com vinte e dois anos, é uma amiga valiosa, companheira, que me ensina muito sobre esse mundo louco que eu deixei para trás quando decidi que era a minha hora e no qual ela vive com toda a sua energia. Temos essa relação de mãe e filha que para muitos é inexplicável, mas nós entendemos e é real. E se depois dela eu não tivesse mais nenhum, eu estaria realizada como mãe.


A minha segunda experiência como mãe foi aos vinte e sete anos. Aqui eu volto para relembrá-las de que, lá no início do artigo eu contei que casei com o homem pelo qual me apaixonei aos oito anos, lembram? Bom, eu me apaixonei por ele, mas não vivi esse amor antes dos meus vinte e sete anos. Antes disso, eu e ele, cada um da sua forma, vivemos as nossas vidas, mas quando nossos caminhos se cruzaram outra vez, e só o universo conseguirá explicar isso, eu estava vivendo meus primeiros meses de solteira após anos e ele vivenciando a experiência de ser um pai solteiro.


Vou fazer uma pausa para dizer que foi lindo, porque o amor precisa e deve ser contagioso. Nós nos reencontramos na rua onde eu morava com minha mãe, ele parou para saber como eu estava, pois há muito não nos víamos e então me contou que estava sozinho, que tinha um filho e queria me mostrar uma foto. Foi desta forma que eu conheci meu filho, por uma fotografia, mas meu coração vibrou, deu piruetas e acendeu todas aquelas setas piscantes que diziam: não perca esse menino de vista.


Minha terceira experiência como mãe foi com o filho do meu marido. Ele tinha dois anos, era tímido, lindo de uma forma que eu não conseguia desviar os olhos, e quando ele olhava para o pai, existia tanto amor que me contagiou. Eu vivi dois sonhos de uma vez: casei com o menino que aos oito anos escolhi e tive um filho que não decepcionou. Hoje ele tem dezenove anos, eu o criei, eduquei, amei, fui amiga, fui também a que soube dizer “não” quando necessário, mas acima de tudo, eu fui e sou a mãe que aquele menininho lindo precisava e merecia. E eu o amo de uma maneira que não sei explicar, mas também não procuro saber, porque não importa, eu só amo e sou amada.


“Mãe de alma, mãe madrinha, mãe tia, mãe madrasta, mãe avó, mãe arco-íris, mãe de anjo, entenda que ser mãe não é um nome na certidão, não é gerar um filho, não é uma palavra. Mãe é um sentimento, uma energia.”

A minha quarta experiência como mãe foi a mais complicada de todas. Eu engravidei. Vivi o lado bom e ruim de uma gestação, assim como, e aqui muitas vão me entender, o lado ruim de ter uma criança de meses, sobre a qual você não sabe nada além de que saiu de dentro de você, e que não faz ideia de como viver a experiência sem sair louca. Sim, eu fui essa mãe. Porém com ele eu amadureci e entendi que precisava ser mais. Hoje, aos treze anos, esse filho me ensina a respirar, a entender que cada um é uma pessoa diferente e que ser mãe não me coloca em uma posição especial se eu não souber a importância do respeito ao próximo, mesmo que o próximo seja aquele filho que te enlouquece.


E quando eu achei que já tinha vivenciado todas as versões do “ser mãe”, quando todos eles já estavam em um caminho “confiável”, quando eu enfim começava a saborear a tal liberdade pós escola infantil, eis que, em meio a uma turnê de lançamento, da maneira mais louca possível, eu descobri que estava grávida outra vez. E digo que foi da maneira mais louca possível porque estava justamente no processo para abandonar de uma vez por todas as possibilidades de uma nova gravidez, fazendo os exames necessários.


Confesso que morri de medo. O que seria da gente, dos meninos crescidos, da liberdade que o meu trabalho me dava e eu amava, do casamento que deixava para trás a ideia do “e eles” para o “agora, nós”, da casa pequena que não cabia mais um?


Mas ele estava lá, no “positivo” sinalizado no exame. Então, depois de algum tempo sentada na cama com milhares de interrogações eu pensei: ok! Vamos fazer tudo diferente. E foi, de verdade, apesar de todas as questões de uma gestação que, ressalto, detesto, incrível. Eu prometi que não me cobraria, que não teria as inseguranças normais de mãe, que curtiria todos os segundos daquele novo filho e que seria leve. E foi assim. Tivemos problemas, até já contei aqui, mas nada que tirasse a minha paz ou a certeza de que eu conseguiria fazer diferente. Esse filho, o que ninguém imaginava que um dia chegaria, mudou as nossas vidas, me fez ser uma mãe melhor, não por ele apenas, mas pelos outros, porque eu queria, e podia porque como mãe sempre poderemos fazer diferente para todos.


Corrigi erros antigos, ajustei a rota, cometi erros novos, no entanto, outra vez, de uma maneira que só o universo pode explicar, o que teoricamente seria assustador, foi a calmaria. Eu me tornei, talvez não a mãe que eles queriam, mas garanto que uma mãe mais centrada, confiante, com a certeza de que os erros são necessários, que os desesperos não, que eu posso ser tudo por eles, mas devo e quero ser tudo para mim. Entendi que “não” é tão importante quanto o “sim”, que um abraço e um “está tudo bem”, “a mamãe está aqui” vale mais do que um celular de última geração.


“Dia das Mães, de qualquer mulher que queira e se entenda mãe, que ama ou amou como mãe, é nosso, independente da história que tenhamos para contar. É nosso porque ganhamos esse direito.”

E eu contei isso tudo para que você, mãe de alma, mãe madrinha, mãe tia, mãe madrasta, mãe avó, mãe arco-íris, mãe de anjo, entenda que ser mãe não é um nome na certidão, não é gerar um filho, não é uma palavra. Mãe é um sentimento, uma energia. E que esse dia, Dia das Mães, de qualquer mulher que queira e se entenda mãe, que ama ou amou como mãe, é nosso, independente da história que tenhamos para contar. É nosso porque ganhamos esse direito, vivemos esse amor inexplicável e algo no universo acendeu.


Por isso, como dizemos aqui na Bahia: não se avexe não, chegue mais, é o nosso dia. É piegas, é clichê, é ultrapassado, é uma data comercial, mas é nossa, porque ganhamos o direito de ser mãe na essência.


Tenha um lindo dia!



Tatiana Amaral escreve para a coluna Maternidade


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