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- Ainda Sinto…
Ainda sinto aquele seu abraço quente, exalando carinho e bem-querer; ainda sinto seu cheiro fresco de limpeza, que exala hortelã com notas doces de alfazema. Sinto seus cabelos molhados respingarem gotas geladas no contorno do meu rosto jovem, e sinto suas mãos me segurarem firmes para que eu não caia, para que eu não me machuque… Ainda sinto você, tão presente e tão viva, que não consigo entender como você pode não estar aqui, cantando suas músicas melancólicas e cheias de dor e saudade… sinto sua presença nos momentos mais abstratos e mais calados, naqueles em que eu estou em paz com a minha teimosia, em paz com a minha alma inquieta e cheia de projetos a serem feitos e conquistas a serem alcançadas. E são nesses momentos que encontro seu olhar cuidadoso, aquele que enxergava em mim uma versão melhor, que sempre esteve aqui dentro, mas que até hoje eu não consigo acessar… só alcanço essa versão através do seu olhar e, desta forma, me sinto completa. Me sinto “eu” de um modo mais intenso e mais pleno, como se estivesse sentada novamente naquele balanço, como se estivesse voando baixo com os empurrões que você costumava me dar, com aquele sol do final das tardes frias do outono, que esquentavam o corpo sem queimar a pele… Sim, ainda sinto sua energia, sinto sua presença e sinto seu olhar acompanhar de longe e brevemente, meus passos barulhentos em busca do meu sucesso; e quando paro, fico em silêncio e não penso em nada, me sento novamente naquele balanço e sinto intensamente aquele momento em que dividimos o mesmo bronzeado… Fui! (sentir você, um pouquinho mais…)
- “Forever Young”
Se eu quero viver para sempre? Não. Se quero viver sempre jovem? Sim. Quero viver um pouco da forma como viveu Fernanda Young, a jovem irreverente que quebrou paradigmas enquanto respirou o ar cheio de nicotina desta terra chamada Mundo. Viveu pouco para os nossos padrões, mas muito se pensarmos que conseguiu esticar sua juventude até o final dos seus dias; com suas várias tatuagens espalhadas pelo seu corpo fresco e com suas palavras ácidas, hilárias e cheias de ironia, ela conquistou a simpatia de uma enorme nação através do seu talento, que era exprimido pela ousadia em colocar no papel o que observava no mundo ao seu redor. Era ela, Fernanda Young, uma representante das letras vermelhas, aquelas que não se calam quando anoitece ou quando a audiência muda. Seu olhar meticuloso a fazia articular as palavras que saíam facilmente dos lábios carnudos e provocantes, na mesma sintonia dos seus irrequietos dedos, que acompanhavam de perto a sua genialidade. Fernanda não morreu, ela continua viva em seus textos, em sua forma provocante de nos emocionar, de nos fazer pensar fora da caixa hermética em que fomos colocados, no seu atrevimento constante em dizer ao Mundo que ela sempre seria jovem. Fernanda passou para outro patamar, aquele onde vivem os grandes pensadores e artistas da nossa humanidade. Mas sua assinatura agora possui uma nova escrita: “Forever Young”. Fui! (Reverenciar sua existência…)
- Esse Nosso Mundo…
Você acha que perdeu a esperança? Eu te trago a razão. Perdeu a inspiração? Eu te mostro outro motivo para sorrir. Perdeu sua motivação? Vem comigo que juntos encontraremos outra. Porque o Mundo pode parecer injusto na maior parte do tempo, mas é ele quem te permite viver para se lembrar de tudo o que te aqueceu a alma nos dias em que você precisava estar agasalhada, mas havia se esquecido de se cobrir. É ele, o Mundo, quem te mostra o quão insignificante você é quando as luzes se apagam e você não consegue fazer o tempo voltar, para curar a dor dos que você ama e que também se machucaram no meio do caminho… Esse Mundo injusto é o mesmo que te possibilita compartilhar o ar cheio de poluição e nicotina com aqueles que você admira e reconhece em seus diversos talentos; é esse Mundo que te coloca à prova todas as vezes em que você acha que não vai conseguir, ou que realmente não consegue, desiste e é obrigada a mudar de rumo. E esse Mundo te entrega mais desafios e mais obstáculos, só para que você possa ultrapassá-los ou, apenas, para rir um pouquinho do seu esforço sobre-humano em escalar essa montanha enorme para, depois, se deparar com a mesma vista que outras pessoas desfrutam sem nenhum sacrifício. É este Mundo, o nosso Mundo, que consegue eternizar aquela música, que é de todos, mas que dentro da sua mente sedenta por alívio, se torna completamente sua, em uma sintonia que jamais irá parar ou mudar de tom. Na cadência suave dos seus sonhos e no volume ideal da sua intensidade… Então, de novo, se você perdeu algo no caminho até aqui, você pode voltar por onde passou ou tentar outro jeito para chegar mais longe; o importante, contudo, é que você continue… E se precisar de ajuda, não hesite em me chamar. Não poderei fazer muito, mas consigo te lembrar daquela canção que te sustentará até o próximo sinal vermelho… Fui! (Acender as luzes e escutar a minha música…)
- Imersa
Imersa no meu mundo sombrio, destaco o que há de melhor na minha essência singela para tentar agradar ao máximo, os poucos que sobreviveram à minha ira. Sou eu, em um turbilhão de sentimentos explosivos, que tenta resgatar um pouco da boa fé alheia, aquela que ainda não foi perdida depois de tantos rompantes e desacatos… Peço perdão aos que amo e sigo em busca de um sorriso ou um afago, transformando em palavras o gosto ácido que deixei pelo caminho, e transferindo meu afeto às cicatrizes recém-empossadas de sua nova capa. Faço minhas as palavras dos antigos profetas, tentando ser mais gentil com quem nunca demonstrou tanta simpatia ou mesmo por quem menosprezou minha continência sincera depois de uma batalha sangrenta. Acreditem, não fiz por mal. E, se fiz, já me arrependi faz tempo… sou assim, uma eterna personagem de mim mesma tentando frear o impulso automático que salta na minha frente para defender meus pontos de vista ou para não deixar que a minha voz esmoreça. E não descanso enquanto não for ouvida, ainda que por quem não queira ou não mereça escutar o que tenho a dizer. E sempre ao final do dia, sento-me rodeada por meus pensamentos traiçoeiros que não se calam dentro da minha mente inquieta, onde também me atormentam as verdades amargas de todos que machuquei no dia de ontem ou em um passado distante do hoje. Mas, ao revisitar estes rostos corados do sol que minha imaginação os aquece, perdoo-os no mesmo compasso em que concedo-me este mesmo perdão; é o descanso providencial para uma alma que adora brigar, mas que também ama fazer as pazes. E se você ainda não foi alvo dos meus desafetos em forma de briga, é porque, muito provavelmente, você não foi alguém tão importante para mim… Fui! (Emergir de mim…)
- Redemoinhos
Caminhando por estes vales sombrios, deparo-me com minha imagem refletida em um pedaço de espelho quebrado em mais de mil pedaços. Vejo-me pequena em uma imensidão de faces, em um transbordo de ideias e sentimentos, em um vácuo de saudade que não consigo entender, mas que sinto como uma lança encrustada em meu peito frágil. São fragmentos de mim que gritam para que eu me conforme com as atitudes que não tive, com os pensamentos que deixei fluir e com os momentos que não aprisionei em minha mente esquecida… são todas as versões de mim, umas melhores e outras nem tanto, mas todas, um real exemplo do que fui e do serei, na linha tênue deste tempo que parece enorme, mas que é tão curto quanto esta estrada que sigo sem parar, em passos consoantes com as exaladas profundas que permito-me dar, a cada curva e a cada subida íngreme. Mas é a cada encruzilhada que encontro um pouco do meu olhar sedento por sonhos tão inimagináveis quanto minha mente esperançosa ousou querer, e é ali também, que consigo vislumbrar as rugas de satisfação por cada afeto genuíno que angariei pelo caminho, todos amparados pelas palavras sábias dos que me amaram apesar de tudo e apesar de mim… E é com esses olhares que entrego-me ao infinito propósito de ter vindo e de ter deixado nos estilhaços de espelhos o reflexo do meu mais afetuoso gostar, sempre embalado com minúcias de mim em versões expontâneas e seculares de todo amor que consegui recolher durante esta rápida caminhada. Fui! (buscar meus melhores reflexos…)
- Roda Gigante
Passeando por este parque imenso sinto meu peito apertar do lado direito e lembro-me porque cheguei até aqui... são infinitas as voltas que esta roda gigante há de me proporcionar, mas é ao lado dos que amo que pretendo cumprir a maior parte delas, todas em um ritmo bem suave e constante, mas nada devagar o suficiente para me fazer cansar do passeio que tanto me emociona, nestas alturas díspares e proporções assimétricas quando vistas ao largo... São pequenas as recordações que ficaram em voltas antigas, aquelas que não puderam acompanhar-me no percurso que cisma em não findar e que insiste em continuar certeiro e pontual. E a cada nova volta, sinto um calor insuportável do chamado que clama pela minha presença, ainda que eu saiba que não estou pronta para abandonar meu assento neste brinquedo que não para de girar... mas reconheço que outros esperam para entrar nesta enorme roda, então, aproveito todas as voltas que me restam, com suas descidas e subidas emocionantes, e com o vento fresco que abraça meu rosto cansado a cada novo movimento, e a cada novo sonho (meu ou dos que tanto amo). Mesmo de longe, consigo observar a maravilha que é a descoberta das voltas jovens pelos que ainda não têm tanta história para contar neste parque diverso e encantador; preocupo-me com a falta de segurança que enseja machucar um dos meus, e estranho o fato de nunca ter percebido este perigo antes, mas parece-me apropriado dizer que a esta altura da roda, é nos detalhes que me apego cada vez mais, naqueles detalhes sorrateiros que se disfarçam com o brilho do amanhecer e que se mostram somente ao entardecer de um dia cheio de voltas. E à medida em que sinto a grande roda acelerar para os que estão com seus pulmões cheios de ar, percebo a desaceleração do meu banco, que começa a se desprender do todo, em um compasso de alegria e exaustão, embalados pelo motor já gasto de tantas voltas que proporcionou, com tantas visões e com tantas emoções, agora anestesiadas de tanto viver... Fui! (aproveitar o passeio enquanto minha roda ainda gira...)
- Minha Escada
Demorei tanto para chegar até aqui… ainda sinto meus tornozelos doerem e minhas panturrilhas incharem. Sinto todo o peso do mundo nas minhas costas: o peso da mágoa, da distância e da saudade; Sinto os batimentos do meu coração acelerarem a cada nova etapa, a cada subida mais íngreme e em todas as vezes em que sou obrigada a “correr para chegar a tempo”… Sei apreciar também a vista durante o breve momento em que não estou subindo, com todos as pausas merecidas, nas horas em que a preguiça e o tédio invadem minha mente agonizante por um pouco mais de tempo comigo mesma. Aproveito também as confraternizações oportunas em que é possível ser eu mesma sem um objetivo pré-definido, ao lado dos que tanto amo e que me acompanham neste trajeto. E em todas as vezes em que penso em desistir de subir, lembro que a minha escada não foi desenhada para descidas, apenas para subidas. É ali, no limiar da minha dor que encontro o pôr do sol mais lindo, onde contemplo os segundos de vitória que me permito desfrutar, com a pausa merecida para retomar meu fôlego e voltar a subir. Até onde esses degraus chegarão eu não sei, mas me proponho a passar por cada um deles rumo ao lugar mais alto que eu possa conquistar, sempre subindo e jamais voltando a um nível mais baixo. E desta forma vou seguindo meu caminho, aquele cujo percurso não é fácil nem difícil, apenas “fascinante”… Fui! (Subir…)
- Meu Pensamento Pessimista
Dentro da bolha da minha vida estabeleci estratégias de sobrevivência que fogem do discurso natural e das leis da disciplina do pensamento saudável, aquele que vem com um suco de laranja e doses de otimismo cotidiano… Planejo cada dia como se fosse a última oportunidade de deixar minha marca, ainda que uma marca barulhenta ou uma marca com cores um pouco mais escuras do que os tons amenos do bom discurso correlato e inflexível. Abuso da negatividade em sua forma mais poderosa de proteção, em toda a sua cápsula criativa que traduz o poder da possível perda. Sim, do possível e nunca do eminente dano, porque sempre estamos suscetíveis a ele, seja em maior ou menor grau. Então, abraço minha esfera pessimista com o máximo de esforço para que ela não me permita escapar dos meus objetivos mais pungentes. Faço dela minha oração diária para ajudar-me a controlar minha ira, a encontrar razão no perdão que não quero conceder e a seguir em frente com todos os desajustes que teriam sido consertados se tivesse olhado por um ângulo mais cuidadoso. Despeço-me do otimismo gordo que enobrece os discursos calorosos de grandes mestres e encaro a dura subida de uma ladeira cujo nome se chama “cautela” e o sobrenome “cuidado”. Finjo tranquilidade nos momentos em que cito as palavras de que tudo vai dar muito certo sempre, mas anoto em meu caderno minhas rotas de fuga e meus protocolos de segurança. Sou mais grata e mais feliz desta forma: beijando os que amo como se fosse a última vez que meu corpo os toca, para assim, festejar, em seguida, as próximas oportunidades de beijá-los de novo. E de novo. E de novo… Fui! (agradecer a todas as inúmeras vezes em que a vida me surpreende…)
- Meu Natal
Depois de tanto tempo percebi que nunca seria perfeita. Percebi também que meus desejos eram mais estranhos que os dos outros e que eu era, sem dúvidas, um alguém muito incomum. Percebi que meus sonhos não traduziam a verdade que os fiéis acreditavam, que meu caminho era torto e com menos brilho que o engomado perfeito do cabelo do meu meio-irmão mais amado e admirado. Sempre fugi dos esteriótipos e posso admitir, ainda que com alguma culpa, que fiz por merecer a desaprovação da minha avó paterna, aquela que gostava mais das bonecas dela da infância do que da neta que escolheu pintar a pele e o cabelo para se sujar na imundice desse mundo enorme... Busquei meus melhores amigos em becos escuros, respirei o ar poluído da fumaça deles, e, mesmo sem querer, acabei cedendo à tentação que é absorver angústias e alegrias na forma de tragadas. Fingi não gostar tanto do gosto amargo do álcool que insistia em terminar na palma das minhas mãos, a hora que fosse, nas circunstâncias que fossem... Que tola fui eu, quando pensei que jamais deixaria de brincar de me rebelar, ao som daquelas canções com o agudo da guitarra ou a voz rouca de um cabeludo qualquer! Fui parar justamente na casa da minha tia, comendo nos pratos rebuscados da vovó e relembrando as frases de efeitos que minha mãe falava ao sair do banho... logo eu, que julgava-me blindada para eventos natalinos, que estimulam a cafonice das tradições familiares mais enjoadas, acabei ajudando minha sobrinha a terminar de montar sua árvore de Natal. E o mais incrível desta história toda? Eu gostei... Fui! ( comemorar o Natal ao lado dos meus amores...)
- Agradeço
Neste Natal quero agradecer a você por existir. Agradeço cada sorriso, cada cansaço, cada semblante de felicidade, cada esboço de arte, cada frase incompleta, cada olhar inquieto… Agradeço ao povo do céu a honra de ter você nos meus braços, de poder caminhar ao seu lado com tanto afeto envolvendo nossos passos; agradeço por poder sentir seu calor, seu cheiro, suas emoções vivas em cada contorno irregular da minha história inacabada. Agradeço por ser chamada desta forma carinhosa, por ser eu a pessoa que pode determinar o que é melhor para você, ainda que por um tempo determinado, ainda que diante de um desafio constante que é te entregar para este Mundo enorme, ainda que machucando um pouquinho de mim a cada segundo em que percebo que você já não precisa do meu cordão para respirar ou da minha mão para se apoiar…. E é no momento em que vejo você escolhendo seus próprios enfeites para decorar a árvore da sua casa, que percebo como o tempo foi generoso comigo, em todo o tempo em que tive você como meu presente mais especial. Obrigada por fazer minha vida tão plena e meu Natal tão cheio de vida! Fui! (agradecer a você, todos os anos, em todo Natal…)
- Desejos Para a Próxima Década
Desejo nesta próxima década encontrar mais razões para sorrir que para chorar. Desejo fugir de tudo que me lembre das fraquezas que tive, das dores que senti nas despedidas fortuitas e nas passagens mais tenras. Desejo esquecer os desafetos que entreguei aos que me eram caros e também a todos que sempre enxerguei “gratuitos”… Desejo sentir leveza em forma de brisa, aconchego na forma de bronzeado e frescor na forma de um banho gelado. Nesta nova década desejo experimentar novos sabores, cheirar novos perfumes, vivenciar novas oportunidades. Desejo ser mais paciente com os que amo e amar mais e melhor esses mesmos amores, que me acompanham há tanto tempo e que fizeram desta última década um tempo de alegria, companheirismo e aprendizagem. Desejo ter tudo que quero e que acredito merecer; desejo segurança e estabilidade, mas também doses homéricas de satisfação e abundância! Desejo que o meu bem vença o mal deles, que o meu time vença e que o meu corpo supere toda e qualquer dose de veneno que eu coloque nele, sejam esses venenos provindos do físico ou da alma. Desejo que meu talento seja reconhecido de forma mundana, que os aplausos venham em excesso e que minha luz se destaque no meio desta multidão de pessoas extraordinárias. Desejo mais pra mim, um milhão de “sim” e todas as entradas que me forem convenientes, “abertas”. Desejo que o ódio de quem não me quer bem não encontre minha silhueta, assim como a dos meus amores. Que toda a falência e tristeza que reina em outrem permaneçam quietas por baixo das labaredas do seu próprio inferno. Desejo que a sintonia de sucesso prospere na nossa festa, que a palavra saúde sobreviva aos nossos piores instintos e que a proteção divina ancore nas nossas casas. Desejo que 2020 venha com gosto de mar, traga uma mala cheia de presentes na forma de conquistas e que mostre para todos que a culpa que cada um carrega dentro de si é totalmente desnecessária, afinal, essa vida é apenas uma estrada em que caminhamos aprendendo e que, de vez em quando, paramos para desejar algo novo… Fui! (Receber 2020!!!)
- Já tentamos isso... e?
Você já deve ter exposto uma ideia, super empolgado, e ouviu de alguém aquela frase que foi um balde de água fria na sua motivação: “já tentamos isso e não deu certo.” Quem trabalha com inovação e processos de mudança sabe bem do que eu estou falando... E no fundo, se você fizer uma reflexão pra valer, talvez perceba que também já disse isso em algum momento. Tudo bem dizer que já se tentou, só não podemos concluir que não vai dar certo dessa vez. Como disse o filósofo Heráclito, há cerca de 2.500 anos (isso mesmo, ele já dizia isso no século V a.C.!), “ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas e o próprio ser já se modificou.” As coisas mudam. Mesmo que seja imperceptível, o fluxo continua. Eu mesma já participei de projetos que não se mostraram viáveis em determinada época, mas se viabilizaram anos depois. Também já vi projetos que faziam sentido em determinado momento, mas deixaram de fazer. Às vezes, o ambiente competitivo não é favorável, a organização tem outras prioridades estratégicas, ou não reúne as competências para fazer com probabilidade de resultados promissores. Ou a projeção de demanda não viabiliza o retorno. Enfim, estas são só algumas das muitas variáveis que envolvem a decisão sobre a viabilidade de uma iniciativa, e que possibilitam que o conjunto se altere no cenário temporal. “Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas e o próprio ser já se modificou.” (Heráclito, filósofo, V a.C.) O que não é viável hoje, pode ser no futuro, porque o mercado continua mudando, assim como as organizações, que podem estar mais ou menos inclinadas a assumir riscos, a potencializar oportunidades, a neutralizar ineficiências, a desenvolver novas plataformas de crescimento. Como refletiu Heráclito, as águas do rio fluem, assim como o ambiente de mercado continua se renovando, e a pessoa também já não é a mesma, tampouco a organização neste contexto. Definitivamente, o rio não é o mesmo. Nem você. Sua forma de pensar está (ou deveria estar) em constante evolução, abrindo janelas para enxergar de forma mais ampla. Por isso, olhar para a experiência vivida é importante, mas não como uma barreira, e sim para internalizar as lições aprendidas. É sobre “já tentamos isso e esbarramos nestas condições...” e não “já tentamos isso e não dá certo”. A primeira frase é para trazer a experiência para a mesa e somar aprendizados, a segunda, soa como resistência. E não pense que isso não acontece na sua empresa. John Paul Kotter, um dos maiores especialistas em mudança da atualidade, professor emérito da Harvard Business School, destaca a resistência à mudança como um desafio bastante comum às organizações. E quer saber o mais curioso? É que muitas vezes as pessoas sequer percebem que estão no grupo de resistência, pois a resistência pode ser inconsciente. E mais: embora haja uma tendência de achar que a resistência é um fenômeno massificado, de fato, o entendimento é que a resistência não é uniforme e varia de indivíduo para indivíduo de acordo com a fase do processo de mudança e com a experiência pessoal. Mudar incomoda e dá trabalho. Já começa por aí. E nosso modelo mental é inclinado a captar seletivamente aquilo que reforça o que sabemos. Então, inconscientemente, a gente já resiste ao desconhecido. Por isso, é essencial garantir uma comunicação clara e contínua, antecipando-se na transmissão das informações para evitar surpresas e reforçar o propósito da mudança, além de criar espaços para comunicação aberta, abordando dúvidas e preocupações com transparência. Qualquer processo de mudança exige tempo, persistência e resiliência. É como "água mole em pedra dura", precisa de constância e consistência. É igualmente importante oferecer treinamento e suporte para que todos se sintam seguros com o novo processo, revisar e adaptar fluxos, sistemas e estruturas para eliminar obstáculos e facilitar a implementação da mudança. Também não se pode perder de vista o valor de reconhecer e celebrar pequenos avanços, para tornar visíveis os progressos intangíveis e renovar a energia e o compromisso com o processo. Qualquer processo de mudança exige tempo, persistência e resiliência. É como “água mole em pedra dura”, precisa de constância e consistência. Não há caminho fácil para a mudança, mas esse caminho pode se tornar melhor se a gente participa, engaja e vai com todo mundo junto. Vamos juntos? Érica Saião para a coluna Mulher & Carreira Encontre-a no Instagram: @erica.saiao e no LinkedIn: @ericasaiao.