Mal começou e já está em declínio? Será que sua proposta não sobreviveu ao universo tecnológico ou há algo a mais nesse emaranhado de opções relacionais no mundo social do digital? Não tenho fatos concretos, apenas “achismos” sobre as hipóteses do declínio vertiginoso da nova febre social, que agora parece estar marcando 36 graus exatos…
Há cerca de três semanas não se falava em outra coisa, a não ser na nova Rede Social, restrita a convidados detentores de Iphone. Pois bem, logo no início, grupos se formaram e garantiram um lugar de destaque na rede, angariando curiosos que entravam anônimos nas salas de bate-papo, onde tinham a oportunidade de interagir com alguns famosos (quem???) e muitos novos Gurus do universo digital.
Os “Gurus Digitais” fizeram o que todo bom vendedor faz: se anteciparam às vendas e implementaram estratégias para se posicionarem corretamente no mercado de novos andarilhos do caminho que já haviam percorrido, e se encarregaram de dominar rapidamente o espaço, tornando-se referência de conhecimento e expertise em estratégias vencedoras no Instagram.
E, através de seus números, sejam eles números de seguidores ou dos “bilhões”(sim, já escutei bilhões em algumas salas… rs), eram legitimados (a priori) como potências digitais, embora seus nomes não fossem tão conhecidos no universo acadêmico ou científico.
É sabido que todos os novos gurus se apropriam do conhecimento coletivo, muitas vezes, acessado via Google ou Kindle, mas também vislumbrado através do “inconsciente coletivo” (hahaha) para divulgar em camadas menos cultas ou mais preguiçosas (ou os dois) seu conhecimento captado e adaptado.
Falam de “Primal Branding”, de “arquétipos”, de “funil”, de “jornada” e de vários outros temas super disseminados, mas que em sua grande maioria apenas retratam o conceito de “vender algo a alguém”. E as abordagens variam entre esse alguém saber o que quer, não saber ou não ter nem ideia do que se está comprando, apesar do bom vendedor identificar a dor (que pode nem existir de verdade) e fazê-lo acreditar que ele precisa disso ou daquilo.
E com a máxima de que eles, os novos marketeiros, sabem fazer milhões com o poder da venda pela internet, conseguem convencer o público de curiosos do Clubhouse que eles são super fundamentais e onipotentes, tanto assim, que passaram a analisar, gratuitamente diga-se de passagem, contas de outra rede social, para comprovar sua competência técnica e “overdimensional”.
Até aí, nenhum problema com os Gurus ou com a Rede Social da moda. O problema começou a surgir quando os curiosos ficaram com mais preguiça de ouvir aulas do que com vontade de aprender a implementar as estratégias do século XXI; começou também quando eles entenderam que era mais divertido entrar em salas de bate-papo sobre assuntos fúteis do cotidiano até preferirem estes, abraçar o núcleo vigoroso dos “seus”, em contraponto com a imensidão de uma rede social onde tudo o que se fala é avaliado, medido e categorizado.
Enfim, o problema não é nem nunca foi do Clubhouse, ou do Instagram; o problema não está em nenhuma rede social, o problema está no medo que o ser humano desenvolveu do seu próximo, aquele que se diz foda e que te julga até a sua última palavra…
Cris Coelho para Coluna Sociedade
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