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Sobreviver à mim



No decorrer da estrada suja de barro encontro flashes do seu sorriso nos arbustos da minha vaidade mais extrema. Sou surpreendida pela sua boa vontade em todos os momentos em que podei suas verdades e não te deixei seguir com suas convicções.


Fui além e me deparei com você sozinha, isolada em uma ilha cheia de emoções perdidas e fragmentos do que você gostaria de ter feito, mas não pôde; sou o retrato vivo das suas decepções e faço minhas as desculpas pelos distratos sociais da sua vida próspera e, por vezes, solitária…


Ando um pouco mais e percebo um arbusto cheio de culpas escondidas em doses de compaixão e tentativas de reconexão. Lamento, neste instante, as doses extras de egocentrismo que mantive quando exigi que você carregasse parte das minhas dores e se martirizasse com os meus ressentimentos; sim, eram minhas as mágoas que você respirou e meus os desencontros que te propus.


Não imaginava que esse fardo te deixaria tão cansada ou que as lágrimas que compartilhei contigo fossem tão dramáticas! Mas hoje vejo o quanto exigi de você e sei que, apesar de ser aquela que deveria te acolher e fazer da sua vida um lugar mais leve, fui a responsável por confundir seus pensamentos e bloquear os sentimentos mais genuínos com todos que apresentei a você e que, em algum momento, por uma circunstância minha e não sua, fiz com que se tornassem seus desafetos.


Agradeço sua paciência comigo e desejo que você sobreviva à mim, com todos os toques de crueldade e vaidade que carrego, com meus egocentrismos exacerbados e com a vontade que tenho de controlar aqueles que derivaram da minha espécie.


Sou eu, em uma versão mais suave que regozija o prazer de vê-la seguir pelo caminho que você escolheu, cheia de si e com todas as arestas aparadas. Liberto-te do meu comando e te deixo livre para abraçar e beijar quem te favorecer pelo caminho; pois é tua a escolha, a vida e o que mais fizer parte da sua estrada.


Fui! (deixar que sobreviva ao meu egoísmo…)


Encontre-a no Instagram: @crisreiscoelho

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