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Sonho e Pandemia


O sol está se pondo e o céu está radiante com aquelas cores do entardecer. E eu estou aqui no meu quarto fazendo uma retrospectiva deste último ano e escrevendo no meu diário.

 

O tempo não para, mas quando nos deparamos com a pandemia parece que tudo parou. E tudo mudou. Mas será que parou mesmo? Será que mudou para melhor, ou não? Eu creio que tudo que está acontecendo é para algo maior do que podemos imaginar. E que somos humanos demais para entender. Creio mesmo é que algo maravilhoso está por vir. 


Olho para trás, e penso em tudo o que aconteceu este ano. Vejo que tudo valeu a pena. E o mais importante não fiquei para trás. Podemos ainda estar na pandemia, mas a vida continua e a minha está andando para conquistar o início da minha carreira como escritora. Pensar nisso me dá um arrepio, uma mistura de medo com satisfação.


Querido diário, lembra que quando entramos na pandemia eu estava escrevendo o meu primeiro livro, cheia de dúvidas e medos? “Será que realmente quero ser escritora? Será que alguém vai ler este livro? Será que vão comprar? Será que vale a pena eu continuar? Será que…” Mas você que me conhece sabe que não sou de desistir facilmente.

Nesta retrospectiva percebo que apesar da pandemia não ser algo bom, que levou a vida de muitas pessoas e mexeu com o meu emocional, também trouxe oportunidades. Pois, tendo que ficar em casa, pude me dedicar a escrever e consegui terminar o meu primeiro livro. Parece que tudo pode ser visto como oportunidades.


Agora percebo que meus medos e a pandemia não me paralisaram, continuei correndo atrás dos meus sonhos. E por falar em sonho, lembra como tudo começou?


Lembra quando eu estava na oitava série que precisei ler os dois volumes da obra “O Continente” do Érico Veríssimo? Lembra que minha professora achou que eu não conseguiria ler tudo e dar conta das tarefas por causa da minha dificuldade de leitura? Mas fui em frente. Minha mãe e eu líamos juntas, uma página para cada uma. Lembro que comecei a gostar muito destes momentos de leitura porque parecia que eu estava vendo uma novela.


Queria que chegasse logo o outro dia para continuar lendo e saber mais da história. Adorei o jeito como Érico Veríssimo descreveu com detalhes os lugares e os personagens. Parecia que eu estava lá junto, vendo tudo. E na sala de aula minha professora se surpreendia em me ver contando a história com tantos detalhes para meus colegas. E eu me senti muito importante! Ah, esses livros…


Também lembro que nas férias de verão da oitava série eu comecei a escrever e me senti muito bem escrevendo. E no final destas férias li tudo que eu havia escrito e pensei que aquilo pedia continuação. Mas foi no primeiro ano do ensino médio, quando precisei escrever uma pequena autobiografia que minha vontade de escrever despertou verdadeiramente. Amei ter escrito e relembrado fatos da minha vida. E ao acabar de escrever minha pequena autobiografia eu disse: “Quero ser escritora!”


Desde então, sempre que sobrava um tempinho, eu ia para as últimas folhas do caderno e ficava escrevendo minhas histórias. No começo vinham várias histórias na minha cabeça. Num determinado momento percebi que precisava me dedicar a uma só para finalizar e ter um livro. As histórias surgem pra mim de diferentes formas: algumas de sonhos, outras de algo que vi e outras de algumas inquietações, como foi o caso de Taragô.  


Então comecei a me dedicar a escrever Taragô. Escrevia por um tempo e depois parava um pouco, parecia que não conseguiria terminar. Foi preciso um período de imersão obrigatório, a pandemia, para que eu conseguisse terminar. E quando estava terminando parecia que os bons ventos me levavam para lugares que antes eu não imaginava.

"...foi no primeiro ano do ensino médio, quando precisei escrever uma pequena autobiografia que minha vontade de escrever despertou verdadeiramente. Amei ter escrito e relembrado fatos da minha vida. E ao acabar de escrever minha pequena autobiografia eu disse: “Quero ser escritora!"

Lembra das minhas angústias? “Agora como faço para publicar esse livro? Será que consigo? Será que alguma editora aceitará o meu livro?”. E assistindo o Congresso “Genética não é Destino” ouvi anunciarem um concurso para jovens escritores, “Cromosso 21 de Literatura e Inovação”. Que grande oportunidade! Mas será que o que escrevi poderia participar de um concurso? Achava não ser para mim. Mas por outro lado, deveria desperdiçar esta oportunidade? E se não vencesse, será que ficaria muito decepcionada e desistiria de continuar escrevendo? Foram muitas dúvidas, mas sempre me achei corajosa. E me inscrevi.


Ah, querido diário, hoje percebo quantas oportunidades belas surgiram em minha vida por ter tido a coragem de me inscrever no concurso. Ganhei o concurso! E recebi como prêmio o apoio de uma equipe multiprofissional para a revisão do texto, diagramação, design das capas, impressão dos livros e a construção do site para a venda dos livros.  Meu Deus! Era tudo o que eu precisava para lançar o meu primeiro livro.   

Imagine a minha surpresa quando num sábado à tarde a Babi Xavier me ligou e me contou que eu era a vencedora.  Nossa!   Não conseguia acreditar e comecei a chorar. Isso me emociona até hoje.  Não esperava que o meu primeiro livro fosse ganhar um prêmio.

 

Agora percebo que a coragem de me inscrever neste concurso me trouxe outros momentos maravilhosos: lancei o meu primeiro livro ao vivo pelo canal do YouTube ao lado do Alex Duarte; vi o meu livro sendo comercializado na grande Feira do Livro de Porto Alegre; participei da sessão de autógrafos nesta mesma feira, juntamente com outros grandes escritores; recebi o prêmio de “Mulher Inspiradora” na Câmara Municipal de Porto Alegre; e, por fim, fui convida para escrever uma coluna na revista Maria Scarlet.


Tudo isto parece um sonho e nem acredito que tudo aconteceu em plena pandemia…

Até a próxima.


Fernanda Machado para a coluna Páginas do meu diário

Encontre-a no Instagram @fefe.smachado


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